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Jehozadak Pereira

A eleição presidencial nos EUA é por vezes decidida num detalhe. Este detalhe apontou em 1999 George W. Bush, obteve menos votos que Al Gore e ganhou uma eleição com um sistema intricado e cuja maioria no voto popular não dá ao candidato a vitória.

Nas eleições presidenciais em 2000, George W. Bush teve um número inferior de votos ao do candidato democrata, Al Gore – 48,38% contra 47,87% de Bush. Gore, então vice-presidente de Bill Clinton, obteve expressiva votação nas maiores cidades americanas, tradicionais redutos democratas, contudo, o republicano Bush levou a maioria dos votos no interior do país e foi vencedor num número maior de Estados, e com isto conseguiu mais delegados no Colégio Eleitoral 271 x 266, determinantes para a sua vitória.

Em setembro de 2001, meses depois da sua posse, Bush enfrentou a pior crise da história política e social dos Estados Unidos nos últimos 80 anos – o atentado contra o World Trade Center, e a recessão que se abateu sobre os Estados Unidos e o mundo nos meses seguintes.

Embora não tivesse culpa ou responsabilidade alguma sobre os atentados, Bush viu seu território ser invadido e vidas serem ceifadas sob o seu olhar e, jamais o país foi o mesmo depois disto.

Cerca de 13% da população americana é composta de idosos com mais de 65 anos de idade, que não tem posição política definida e cuja maior entidade – Associação Americana de Pessoas Aposentadas, em inglês AARP não faz doações partidárias, mas é um dos segmentos que mais faz pressão junto aos governantes. A AARP alinha-se tradicionalmente com os democratas.

Coalizões cristãs e conservadoras se opõe ferrenhamente ao aborto e o casamento entre os homossexuais. Mitt Romney, pessoalmente, se opõe ao casamento homossexual enquanto que Obama apóia as uniões que darão aos gays acesso aos mesmos benefícios oferecidos aos casais heterossexuais.

Nesta eleição a discussão é sobre o aborto e o casamento homossexual que causa arrepios nos mais emperdenidos republicanos. Esta eleição é singular pois mostra a força cada vez mais crescente e influente do Tea Party que conseguiu impor Paul Ryan, um congressista conservador como o vice na chapa de Mitt Romney.

Um dos temas preferidos da campanha é o crescente déficit orçamentário americano. Nesta eleição o que está em jogo vai além da política econômica que está em recessão, e tem sido o principal mote dos republicanos que não se cansam de atacar Obama por causa disto.

Nas respectivas campanhas não se toca no tema imigração – que é o nosso foco de interesse, a não ser de modo tímido e acanhado, pois tratar deste assunto não dá nenhum voto, ao contrário, tira muitos votos de qualquer candidato.

Há também a questão proposta por Mitt Romney da auto-deportação, embora diga-se por aí que tudo não passa de boato, defendido às unhas e dentes, mas que boato ou não, a proposta, ou sequer o pensamento é de uma desumanidade tremenda.

É óbvio que Obama não conseguiu resolver todos os problemas propostos e também não é o candidato dos sonhos de muita gente, mas mesmo assim é o preferido da maioria – pelo menos é o que indicam as pesquisas de opinião.

Portanto, o que estará em jogo no dia 6 de novembro é o passo adiante da América em direção à estabilidade ou do atraso, do ranço, do baixo astral, das propostas espúrias e indecentes, principalmente aquela que diz respeito ao trabalhador indocumentado. Há alguns brasileiros que pensam que o que está em jogo é somente a questão delicada do aborto e do casamento gay, o que é admissível, pois nossa gente é religiosa ao extremo e portanto, faz sentido sob este ponto de vista.

Porém, deve-se atentar para os reais problemas que esta nação tem, entre eles milhões de imigrantes indocumentados que vivem nas sombras da intolerância e da ignorância. Quem vai ganhar? Obama ou Romney? Isto só vamos saber na noite de 6 de novembro…

 

 

Jehozadak Pereira

Costuma-se dizer que política, futebol e religião não se discute, pelo menos não necessariamente nesta ordem. Mas uma coisa ressalta aos olhos para alguns comportamentos na comunidade brasileira. É incrível mas há brasileiros que têm saudades do ex-presidente George W. Bush e dos republicanos. Também têm lá os seus pendores por Mitt Romney e por Paul Ryan, tido como um dos próceres do Tea Party.

Porém alguns brasileiros, morrem de saudades do republicano Bush, talvez um dos piores presidentes que os Estados Unidos já teve. Claro que cada qual pode ser democrata, republicano, libertário ou lá o que quiser ser. Convém lembrar que Bush e seus pares apertaram e oprimiram como nunca o trabalhador imigrante, principalmente o indocumentado e quantos milhares de sonhos e esperanças foram interrompidas nos dois períodos de governança de Bush sem que nada de prático fosse feito para minorar qualquer sofrimento ou frustração.

Ao pé de toda a saudade destes brasileiros por Bush & Cia, está a insatisfação deles – e do povo americano com o Presidente Barack Obama que certamente não tem feito o governo dos sonhos. Também Obama tem dado prosseguimento à política de Bush de prender e deportar, aliás, como nunca.

Mas como alguém que é imigrante, que certamente um dia sofreu na pele as agruras de ser um indocumentado pode sentir saudades de quem oprimiu o seu semelhante? Talvez, estes tenham se esquecido quem sabe porque são cidadãos ou possuem os seus documentos legais e que fariam melhor se resolvessem usar os seus votos para pressionar os políticos a legislar e produzir leis que beneficiassem milhões de imigrantes indocumentados, mas no entanto preferem sentir saudades de Bush.

Convém lembrar que os que sentem saudades de George W. Bush também lamentaram que McCain não foi eleito pois teriam o prazer de ter Sarah Palin como vice-presidente. Sonham eles que nesta eleição o candidato a presidente seja contra o aborto, contra o casamento gay, etc, etc. Sonham com isto o tempo todo, talvez ignorando que se o candidato republicano for eleito trará de volta toda a política cretina e absurda dos tempos de Bush. Talvez esqueçam que o Brasil é um dos países onde mais se pratica o aborto no mundo, e olha que lá o aborto não é legalizado como em muitos lugares aqui nos Estados Unidos, mas como os republicanos são contra o aborto, deve-se – na cabeça deles votar nele.

Há também a questão do casamento gay, que tal como o aborto é opção pessoal de cada qual que faz com a sua vida o que bem entender e quiser.

Votar em alguém só porque o credo ou o viés religioso bate em alguns aspectos com o de certos políticos é um absurdo do mesmo modo que deixar de votar neles só por isso é uma aberração. O que é de se espantar mais ainda é ver tantos brasileiros se filiando ao Partido Republicano e se aliando ao Tea Party. Em Massachusetts há muitos brasileiros carregando placas e fazendo campanha para o senador Scott Brown, justo ele que é um dos mais ferrenhos opositores do Dream Act. Claro e é óbvio que cada um pode e tem o direito de fazer a sua opção política do modo que lhe convier, mas devemos tê-los por adversários, opositores, inimigos ou anti-imigrantes?

Por que então tratar deste assunto um artigo sobre opinião? Porque o que causa estranheza é a certa obtusidade e incompreensão com determinadas coisas que nos cercam, mas que podem influenciar definitivamente as vidas de milhões de pessoas. Como já foi dito aqui, a opção política e de religião cada um tem a sua, mas deliberadamente apoiar quem persegue faz de tudo para atrapalhar e atrasar a vida dos seus semelhantes que não têm documentos.

Como se já não bastasse a nossa crônica falta de liderança, e da preocupação de alguns com a eleição comunitária, agora temos que conviver com quem têm saudades de Bush. Lamentável mais é verdade, afinal cada um tem saudade daquilo que lhe apetece…

Jehozadak Pereira

Já escrevi muitos textos sobre o 11 de setembro de 2001, o que considero o dia infamia. Hoje vou postar este texto que escrevi sobre a caçada que terminou com a morte de Osama bin Laden.

Good bye Geronimo

Quase 10 anos depois, uma tropa de elite americana colocou aos tiros o fim de uma caçada que se intensificou depois do maior atentado terrorista de todos os tempos em New York que fora ordenada por Osama bin Laden, líder da Al Qaeda e que matou milhares de pessoas e transformou o mundo de forma que jamais foi o mesmo depois.

Apostava-se que bin Laden estava enfurnado em algum buraco nas montanhas do Afeganistão e por lá era procurado desde setembro de 2011, porém a CIA descobriu que ele possivelmente estava escondido perto de uma base militar no Paquistão, numa mansão que foge totalmente dos padrões locais por diversos motivos. Um deles era a total falta de linhas telefônicas e de internet, itens básicos em qualquer tapera ao redor do mundo. Um trabalho de investigação fez ver que ali na casa – um complexo fortificado e protegido no pés das montanhas em Abbotabad, morava alguém muito importante e caçado no mundo todo.

As narrativas nos dias subseqüentes mostram que o principal morador da casa foi discreto o tempo todo e a ausência de linhas telefônicas e de internet foram sem dúvida alguma os principais motivos que evitaram que Osama fosse identificado e preso ou morto antes.

Dá para imaginar o aparato de segurança e de cuidados que o cercavam e que formavam uma verdadeira rede de silêncio e aparente cumplicidade das autoridades paquistanesas que sequer foram informadas da expedição americana que exterminou com o maior chefe terrorista da história.

Aparato que diante do profissionalismo e preparo dos americanos de nada adiantou porque certamente os profissionais extremamente treinados e preparados não deram nenhuma chance ao staff de bin Laden e terminaram por matá-lo sem nenhuma baixa a não ser um helicóptero que apresentou problemas e foi destruído no local.

O mundo civilizado aplaudiu a missão americana e há um certo alívio e ao mesmo tempo preocupação por esperar uma onda de atentados terroristas de fanáticos religiosos que certamente irão querer vingar um dos homens mais temidos da nossa época.

Ou seja, por mais que se preocupem e se previnam as autoridades sempre haverá uma ponta solta para que gente do quilate de Osama bin Laden cometam suas infâmias e crueldades que diga-se nada tem a ver com a prática do islamismo segundo dizem os especialistas.

O êxito na caçada a bin Laden fez subir de imediato a popularidade de Barack Obama que com extrema sensibilidade e tranqüilidade comunicou ao mundo a morte do terrorista e foi aplaudido por todos, inclusive republicanos que não podem lhe tirar mérito de ter coordenado pessoalmente a missão de extermínio.

Há quem diga que Obama caminha a passos largos para a reeleição pois logrou fazer aquilo que seu antecessor – George W. Bush tentou e não conseguiu fazer e se conseguir será por seus próprios méritos. A grande realidade é que o governo americano devia ao seu povo e sua gente e também a mundo a captura – vivo ou morto de Osama bin Laden que vai entrar para a história como um homem covarde, frio, arrogante, dissimulado, sanguinário e que nunca hesitou um instante sequer em ordenar o massacre de civis para tentar impor o seu jugo e para evitar que sua sepultura se transformasse num lugar de peregrinação, ordenou-se que seu corpo fosse jogado ao mar para certamente servir de repasto aos peixes.

Certamente a missão da brava e destemida tropa de elite se transformará num filme de sucesso e prêmios garantidos. O terrorismo mundial e seus mandantes já sabem que jamais estarão seguros em qualquer lugar, Obama vai ser reeleito a depender dos últimos dias, Osama bin Laden foi varrido para o lixo da história e será com tempo lembrando como um covarde que a exemplo de outros tiranos mandou fazer e depois se escondeu candidamente em algum buraco ou bem protegido por muros e segurança extrema que de nada adiantaram. A frase chave de tudo isto será sem dúvida a que comunicou que Geronimo já era. Uma pena que tarde demais…

 

 

Jehozadak Pereira

Hoje, 20 de abril, o presidente Barack Obama repetiu o gesto histórico de Rosa Parks. Publiquei este texto originalmente em 2007.

Nestes tempos bicudos onde neonazistas idiotas se infiltram em torcidas de futebol, e o presidente russo dá demonstração de racismo exacerbado, é sempre bom lembrar de Rosa Parks, que com obstinação derrotou o preconceito e a intolerância.

Nos anos 50, os negros sofriam com estas leis que impunham restrições a quase tudo, e viver uma vida normal era dificultoso. Bares, lojas e restaurantes não aceitavam a presença de negros em possibilidade alguma. Nos poucos locais que permitiam uma convivência entre brancos e negros, quando um branco entrava, o negro era obrigado a sair. Havia banheiros públicos para brancos e negros. A Ku-Klux-Klan atacava e martirizava impiedosamente, queimando casas e igrejas, espancando e espantando sob os olhares complacentes dos governantes.

Embora a escravidão tivesse sido abolida em setembro de 1862, os negros continuavam escravos de leis que lhes impunham um jugo pesado e sufocante. Suas casas ficavam em bairros às margens das cidades e raramente podiam aventurar-se sem o temor de serem capturados e presos, pois qualquer pretexto era motivo de irem parar nas cadeias dos Condados.

No dia 1º de dezembro de 1955, Rosa Parks dá sinal e embarca no ônibus que a levaria para casa depois de um dia exaustivo de trabalho. Como na parte de trás, destinada aos negros, havia muita gente, Rosa sentou-se num dos bancos da frente do ônibus, exclusiva dos brancos. Por causa disso o motorista pediu que ela se levantasse, embora ali houvesse muitos assentos vagos. Rosa recusou-se a levantar, discutiu, e o motorista chamou a polícia que a levou presa.

A população negra de Montgomery, no Alabama, a cidade de Rosa Parks, iniciou um boicote às companhias de ônibus que durou 381 dias, causando um prejuízo de mais de U$ 1 milhão à época, até que, em novembro de 1956, a Suprema Corte declarou inconstitucional a lei de segregação racial dentro dos ônibus no Alabama. Este episódio vivido por Rosa Parks foi a partida de um movimento maior encabeçado pelo Reverendo Martin Luther King Junior, que tomou proporção nacional, fazendo de King, vencedor do prêmio Nobel da Paz em 1965. Muitos dizem que sem a sua ação no caso de Parks, King jamais alcançaria a notoriedade e sucesso na sua luta pelo fim da segregação racial, da forma como foi, e ele reconhecia isso.

Longe de ser uma oportunista, Rosa Parks teve a oportunidade de ficar conhecida como a mãe dos movimentos dos direitos civis, pois ao se recusar a continuar sendo discriminada, ela mostrou toda a sua inconformidade com aquela situação. O mundo e especialmente os negros americanos, devem, a Rosa Parks, um importante progresso de consciência política e humanitária. Em 1956 Rosa Parks impetrou ação contra o governo americano por discriminação, e sua vitória no processo foi um marco importante na história dos direitos civis americanos.

Muitas outras mulheres fizeram e fazem, no dia-a-dia, história com suas atitudes e seu comportamento, e mereceriam linhas e mais linhas contando suas vidas.

Alguns têm a mulher como o sexo frágil, mas qual homem que agüentaria um trabalho de parto? Mulheres são fortes por natureza e – à parte os movimentos feministas que querem direitos iguais para mulheres -, elas têm conquistado seus espaços seja no mercado de trabalho, seja na literatura, seja nas ciências e no cinema, entre outros postos importantes.

Muitos confundem as lágrimas fáceis de uma mulher como sinal de fraqueza ou falta de coragem, quando na realidade elas são a prova de que a mulher é emotiva, quando o homem é racionalismo puro, e para quem o choro é demonstração de fragilidade.

Numa entrevista em 1996, Rosa Parks afirmou que não achava direito e justo ser maltratada por quem quer que fosse e, naquela tarde de 1955, pensava que atitudes sua mãe e avó tomariam em seu lugar. Elas eram mulheres fortes e certamente se insurgiriam como ela o fez. Rosa tinha um histórico de recusas e humilhações na vida, pois diversas vezes tentara se registrar como eleitora e era sistematicamente recusada. Uma das suas afirmações era a de que se pagava o preço exigido para andar no ônibus, ela queria direitos iguais aos dos brancos, e não ser mais humilhada, como conta no livro Quiet Strength – Zondervam Publishing House, 1994.

Quando enfrentou o motorista branco do ônibus, Rosa Parks não chorou, olhou nos olhos dele e ele, envergonhando, desviou o olhar, preferindo chamar a polícia. Perguntada se faria de novo, ela singelamente respondeu que sim, e talvez antes, se tivesse tido a ousadia e a coragem de sua mãe e avó.

Rosa Parks morreu em 2005 aos 92 anos.

Todos direitos reservados ao autor.

Jehozadak Pereira

Quase 10 anos depois, uma tropa de elite americana colocou aos tiros o fim de uma caçada que se intensificou depois do maior atentado terrorista de todos os tempos em New York que fora ordenada por Osama bin Laden, líder da Al Qaeda e que matou milhares de pessoas e transformou o mundo de forma que jamais foi o mesmo depois.

Apostava-se que bin Laden estava enfurnado em algum buraco nas montanhas do Afeganistão e por lá era procurado desde setembro de 2001, porém a CIA descobriu que ele possivelmente estava escondido perto de uma base militar no Paquistão, numa mansão que foge totalmente dos padrões locais por diversos motivos. Um deles era a total falta de linhas telefônicas e de internet, itens básicos em qualquer tapera ao redor do mundo. Um trabalho de investigação fez ver que ali na casa – um complexo fortificado e protegido no pés das montanhas em Abbottabad, morava alguém muito importante e caçado no mundo todo.

As narrativas nos dias subseqüentes mostram que o principal morador da casa foi discreto o tempo todo e a ausência de linhas telefônicas e de internet foram sem dúvida alguma os principais motivos que evitaram que Osama fosse identificado e preso ou morto antes.

Dá para imaginar o aparato de segurança e de cuidados que o cercavam e que formavam uma verdadeira rede de silêncio e aparente cumplicidade das autoridades paquistanesas que sequer foram informadas da expedição americana que exterminou com o maior chefe terrorista da história.

Aparato que diante do profissionalismo e preparo dos americanos de nada adiantou porque certamente os profissionais extremamente treinados e preparados não deram nenhuma chance ao staff de bin Laden e terminaram por matá-lo sem nenhuma baixa a não ser um helicóptero que apresentou problemas e foi destruído no local.

O mundo civilizado aplaudiu a missão americana e há um certo alívio e ao mesmo tempo preocupação por esperar uma onda de atentados terroristas de fanáticos religiosos que certamente irão querer vingar um dos homens mais temidos da nossa época.

Ou seja, por mais que se preocupem e se previnam as autoridades sempre haverá uma ponta solta para que gente do quilate de Osama bin Laden cometam suas infâmias e crueldades que diga-se nada tem a ver com a prática do islamismo segundo dizem os especialistas.

O êxito na caçada a bin Laden fez subir de imediato a popularidade de Barack Obama que com extrema sensibilidade e tranqüilidade comunicou ao mundo a morte do terrorista e foi aplaudido por todos, inclusive republicanos que não podem lhe tirar mérito de ter coordenado pessoalmente a missão de extermínio.

Há quem diga que Obama caminha a passos largos para a reeleição pois logrou fazer aquilo que seu antecessor – George W. Bush tentou e não conseguiu fazer e se conseguir será por seus próprios méritos. A grande realidade é que o governo americano devia ao seu povo e sua gente e também a mundo a captura – vivo ou morto de Osama bin Laden que vai entrar para a história como um homem covarde, frio, arrogante, dissimulado, sanguinário e que nunca hesitou um instante sequer em ordenar o massacre de civis para tentar impor o seu jugo e para evitar que sua sepultura se transformasse num lugar de peregrinação, ordenou-se que seu corpo fosse jogado ao mar para certamente servir de repasto aos peixes.

Certamente a missão da brava e destemida tropa de elite se transformará num filme de sucesso e prêmios garantidos. O terrorismo mundial e seus mandantes já sabem que jamais estarão seguros em qualquer lugar, Obama vai ser reeleito a depender dos últimos dias, Osama bin Laden foi varrido para o lixo da história e será com tempo lembrando como um covarde que a exemplo de outros tiranos mandou fazer e depois se escondeu candidamente em algum buraco ou bem protegido por muros e segurança extrema que de nada adiantaram. A frase chave de tudo isto será sem dúvida a que comunicou que Geronimo já era. Uma pena que tarde demais…

Jehozadak Pereira

Ainda não se sabe direito o que está por trás do atentado que aconteceu no sábado, 8, em Tucson no Arizona que matou seis pessoas e deixou outras 19 feridas, entre elas a deputada democrata Gabrielle Giffords, cujas plataformas incluem a defesa dos direitos de imigrantes indocumentados.

Jared Loughner, o atirador teria premeditado o atentado contra a deputada e sabe-se que têm antecedentes de ameaças contra a deputada a quem chama de ‘mulher escandalosa’. De imediato, criou-se suposições que o atentado teria motivações preconceituosas e racistas, já que Jared tinha a deputada como inimiga. Certamente muito vai ser discutido a respeito do assunto principalmente quando se sabe que o escritório político da deputada foi vandalizado quando da votação da reforma da saúde.

A ex-governadora do Alaska, Sarah Palin, colocou o nome de Gabrielle Griffords numa lista de democratas a serem derrotados nas eleições legislativas de novembro do ano passado. Justo Sarah Palin que foi celebrada como a maior novidade da eleição presidencial que elegeu Barack Obama e desde então deu uma guinada, ou melhor, se revelou o que na realidade o que sempre foi – conservadora, retrógrada, pernóstica, arrogante a ponto de ser uma das expoentes do Tea Party, movimento de direita conservadora e radical que se abriga dentro do Partido Republicano. O pior de tudo isto é que tem gente – brasileiros inclusive que acham que Palin é a solução de todos os problemas da América e ela já está em campanha desde já para se habilitar como a candidata republicana dentro de dois anos.

Já se sabe que os republicanos não vão dar boa vida ao presidente Barack Obama nos próximos dois anos e prometem que vão fazer de tudo para dificultar o governo democrata. Na raiz de tudo está a condução da política econômica e também da questão imigratória que os republicanos não aceitam fazer de modo algum, e a prova disto foram os oito anos de escuridão e obtusidade da administração de George W. Bush.

O acirramento destas questões têm criado e gerado tensões que não se sabem onde vão parar, se é que vão parar. Sabe-se de antemão que os republicanos se pudessem deportariam todos os imigrantes deste país só para satisfazer as suas vontades espúrias e preconceituosas.

Logo, com todo o acirramento que vai além da política e das posições partidárias e da falácia irresponsável de determinadas figuras que compõem o cenário nacional. Logo, um louco e transtornado que ouve um político dizer que vai dificultar a vida do presidente da república e dos adversários toma isto como uma ordem e vai tentar fazer justiça com as próprias mãos. Daí se deduz o perigo de certas lavagens cerebrais que algumas pessoas sofrem ao longo da vida e em determinadas situações, pois muita gente não sabe diferenciar ou não tem o discernimento de separar o que é uma palavra de ordem, uma bravata do que é sério e perigoso.

Pode-se ver claramente que os bastidores da política americana são compostos de interesses específicos onde o que vale é o que determinados indíviduos pensam em detrimento do interesse e do bem comum. Portanto, se foi feita uma reforma da saúde que atende interesses do público, mas foi feita por um democrata, deve-se necessariamente aterrorizar a população dizendo que vai-se rever as decisões mesmo que elas causem transtorno e prejuízo aos cofres da nação. Sem contar que torcem desesperadamente pelo fracasso de Barack Obama, tal como determinados democratas queriam o fracasso de George W. Bush. Se Obama fracassar vai ser o ápice para determinadas figuras carimbadas, se o fracasso incluir a retirada de todos os imigrantes documentados e indocumentados daqui então será o ideal, pois estes idealizam um país imenso só para eles.

Ou os políticos tomam consciência do grave momento que pesa sobre a cabeça de todos, como uma imensa espada pronta para degolar o primeiro incauto que estiver na frente, ou então daqui por diante fatos como estes do Arizona serão uma constante daqui e será uma pena que seja assim…

 

Jehozadak Pereira

Não se tem notícia na diplomacia brasileira de um fiasco e um vexame tão grande como o protagonizado pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dos seus escudeiros Celso Amorim e do desagradável Marco Aurélio Garcia, nomeado assessor especial da presidência da República para assuntos internacionais.

Diante do vexame histórico de Lula e sua troupe, na quarta-feira, o pernóstico Garcia arrostava ameaças aos Estados Unidos e não se sabe se será levado a sério pelos americanos, mas tal como o rato da fábula que ruge como se fosse um leão, o assessor especial tentava a todo custo salvar o propalado acordo nuclear que teria sido assinado em Teerã e foi como diz a imprensa mundial, atropelado pelas grandes potências mundiais que não se deixaram levar pelo funesto canto das sereias iranianas. Enquanto Garcia falava bobagens não se dava conta de que a ONU já havia desautorizado o tal acordo de Lula. Garcia ainda por cima passou o recibo de ser mal informado, já que ninguém tinha lhe dito, ou ele ignorou o fato histórico.

No afã de habilitar para ganhar um Prêmio Nobel da Paz – e talvez até ganhe mesmo, Lula se deixou ingenuamente ser usado por Mahmoud Ahmadinejad e sua turma que ameaçam, perseguem, prendem e matam opositores, o estadista brasileiro que realmente acreditou que é o “Cara” como disse tempos atrás Barack Obama, resolveu que ia meter o nariz onde não é chamado e se juntou ao primeiro ministro turco para tentar arrancar do Irã o compromisso de se submeter ao tratado internacional de não-proliferação nuclear. Obama fez uma graça e Lula de fato acreditou que é mesmo o “Cara”.

Só que além de não observar nenhuma ação de direitos humanos, o Irã resolveu que quer produzir urânio com potencial para fabricar armas atômicas e para isso quer ignorar a comunidade internacional e Ahmadinejad aproveitou que Lula se apresentou como um crédulo inocente útil e tentou engabelar a opinião pública com um acordo de meia tigela que não leva a lugar algum.

Aliás, ninguém em sã consciência entende a predileção de Lula e sua turma pelo sinistro Mahmoud Ahmadinejad que entre outras coisas nega o Holocausto e prega o extermínio de Israel entre outras aberrações. Lula que tem apreço especial por gente do quilate de Fidel Castro e de Hugo Chávez se une a Mahmoud Ahmadinejad sabe-se-lá a que pretexto já que o Irã não tem nada para oferecer ao Brasil.

A diplomacia brasileira que já teve Osvaldo Aranha que um dia propôs a criação do Estado de Israel hoje é levada a níveis medíocres com o chanceler Celso Amorim que talvez na ansia de aparecer não adverte Lula dos possíveis estragos na imagem do Brasil no exterior.

A trinca Lula, Amorim e Garcia não se dão conta de que a intransigência de Ahmadinejad, dos aiatolás e do Irã em bater o pé e não se submeter ao que quer as grandes potências na questão nuclear pode jogar o mundo civilizado num buraco sem saída e sem volta. Os brasileiros fingem não saber da gravidade sem precedentes da situação, visto que o cinismo parece ser a regra das autoridades iranianas que querem emparedar e colocar de joelhos o mundo.

Lula, não contava com a pronta reação dos Estados Unidos, Rússia e China que propuseram ao Conselho de Segurança o uso de sanções contra o Irã e com isto atropelaram os brasileiros que festejavam o “sucesso” da diplomacia tupiniquim.

As bravatas de Marco Aurélio Garcia diante da imprensa internacional soaram como uma saída para um fiasco histórico e inédito na diplomacia. Se no domingo e na segunda-feira o Brasil de Lula era tido como um fator de agregação, na quarta-feira quando caiu a ficha ficou evidente o tamanho do fiasco, já que a comunidade internacional jogou pesado e desmascarou Mahmoud Ahmadinejad e expôs de modo cruel a tentativa de Lula de se impor como um diferencial importante. Lula foi ignorado, Amorim, foi ignorado e Garcia foi ignorado, aliás, o Brasil foi ignorado. Resta saber agora onde o “Cara” vai enfiar a cara…

Jehozadak Pereira

Pois é, outro dia quando o Brasil ganhou o direito de sediar os Jogos Olímpicos de 2016, teve gente achando que demos um “créu” no Obama, como se isto fosse importante – coisa de subdesenvolvido e de petista chato, que acha o Lula a última cereja do bolo,

E pior é que comemoraram até cansar.

Pois foi só levantar hoje pela manhã para ver que merecidamente o Presidente Barack Obama ganhou o Prêmio Nobel da Paz, ou seja, na hora que é para valer quem ganha as coisas que valem é quem pode e não é para qualquer um.

Queria ver a cara de quem dançou o créu, isto queria…

Todos os direitos reservados ao autor.

Eu tenho um sonho

Jehozadak Pereira

As redes de TV aqui nos EUA acabam de anunciar que Barack Obama é o novo presidente americano. Ele – Obama teve um sonho e acreditou nele. Isto nos inspira a lutar pelos nossos também. Então lembrei de um outro negro que teve um sonho e lutou por ele e pagou com a vida, deixando um legado que irá perdurar por muito tempo – Martin Luther King Jr, que é ao lado de Nelson Mandela outro negro que é exemplo de quem buscou seus objetivos e os alcançou, Que Obama figure ao lado deles também.

 

I have a dream

Martin Luther King Jr.

1 de dezembro de 1955, Montgomery, Alabama, Sul dos Estados Unidos. Rosa Parks dá sinal e embarca no ônibus que a levaria para casa depois de um dia exaustivo de trabalho. Como na parte de trás havia muita gente, Rosa sentou-se num dos bancos da frente do ônibus. Por causa disto o motorista pediu que ela se levantasse, embora ali houvesse muitos assentos vagos. Rosa recusou-se a levantar e o motorista chamou a polícia que a levou presa. Rosa Parks era mais uma das vítimas da lei de segregação racial que vigorava no Alabama.

Rosa era uma negra.

Por conta da prisão de Rosa houve em Montgomery um boicote à companhia de transportes que durou mais de um ano e que pôs fim à discriminação nos transportes públicos. A frente dos protestos estava Martin Luther King Júnior, que pregava a não-violência como forma de protesto e modo de alcançar o que se desejava.

Martin Luther King Junior, esteve além do seu tempo e foi um batalhador incansável pela causa da integração racial e dos direitos dos negros nos Estados Unidos e seu desejo era uma sociedade americana justa e livre de preconceitos raciais. Era o pastor da Igreja Batista da Avenida Dexter, em Montgomery, Alabama, onde iniciou a sua cruzada pelos direitos civis das minorias.

Em 1956 sua casa foi explodida por uma bomba e uma multidão de negros enfurecidos formou-se em frente à casa, querendo fazer justiça com as próprias mãos aos que injustamente os perseguiam. King, usando sempre da sua política de não-violência, pediu que depusessem as armas e voltassem para suas casas, dizendo o que seria o seu lema: “Devemos responder ao ódio com amor”.

Por conta do seu ativismo e da sua liderança, King foi preso mais de dez vezes, algumas por motivos fúteis como excesso de velocidade, mas na realidade tudo era mero pretexto para o pressionar e fazer calar a sua voz.

Além de ser aprisionado, King era ameaçado de morte em cada lugar que ia, e dizia que se tivesse de morrer pela causa dos direitos civis, morreria. Em 1963 na celebre Marcha sobre Washington proferiu o discurso Eu Tenho um Sonho que serviria de marco definitivo para que os negros americanos conseguissem os seus direitos que eram tolhidos por leis segregacionistas e racistas.

 “EU TENHO UM SONHO”

Há cem anos passados, um grande americano, sob cuja simbólica sombra nos encontramos, assinava a Proclamação da Emancipação. Esse momentoso decreto foi como um raio de luz de esperança para milhões de escravos negros que tinham sido marcados a ferro nas chamas de vergonhosa injustiça. Veio como uma aurora feliz para terminar a longa noite do cativeiro. 

Mas, cem anos mais tarde, devemos enfrentar a realidade trágica de que o Negro ainda não é livre. Cem anos mais tarde, a vida do Negro é ainda lamentavelmente dilacerada pelas algemas da segregação e pelas correntes da discriminação. Cem anos mais tarde, o Negro continua vivendo numa ilha isolada de pobreza, em meio a um vasto oceano de prosperidade material. Cem anos mais tarde, o Negro ainda definha à margem da sociedade americana, encontrando-se no exílio em sua própria pátria. Assim, encontramo-nos aqui hoje para dramatizarmos tal consternadora condição.  

Em um sentido viemos à capital de nossa nação para descontar um cheque. Quando os arquitetos de nossa república escreveram as palavras majestosas da Constituição e da Declaração de independência, estavam assinando uma nota promissória da qual cada cidadão americano seria herdeiro. Essa nota foi uma promessa de que todos os homens teriam garantido seus inalienáveis direitos à vida, à liberdade e à busca da felicidade. 

É óbvio que ainda hoje a América não pagou tal nota promissória no que diz respeito aos seus cidadãos de cor. Em vez de honrar tal compromisso sagrado, a América deu ao Negro um cheque sem fundos; um cheque que foi devolvido com a seguinte inscrição: “fundos insuficientes”. Nós nos recusamos aceitar a idéia, porém, de que o banco da justiça está falido. Recusamos acreditar não existirem fundos suficientes nos grandes cofres das oportunidades desta nação. Por isso aqui viemos para cobrar tal cheque – um cheque que nos será pago com as riquezas da liberdade e a segurança da justiça. Também viemos a este lugar sagrado para lembrar à América da veemente urgência do agora. Este não é o tempo para se dedicar à luxuria da postergação, nem para se tomar a pílula tranqüilizante do gradualismo. Agora é o tempo para que se tornem reais as promessas da Democracia. Agora é o tempo para que nos levantemos do vale escuro e desolado da segregação para o iluminado caminho da justiça racial. Agora é o tempo de abrir as portas da oportunidade para todos os filhos de Deus. Agora é o tempo para levantar nossa nação da areia movediça da injustiça racial para a rocha sólida da fraternidade. 

Seria fatal para a nação não levar a sério a urgência do momento e subestimar a determinação do Negro. Este sufocante verão do descontentamento legítimo do Negro não passará até que ocorra o revigorante outono da liberdade e igualdade. 1963 não é um fim, mas um começo. Aqueles que crêem que o Negro precisava apenas se desabafar, e que agora ficará contente como está, terão um rude despertar se a Nação retornar à sua vida normal como sempre. Não haverá tranqüilidade nem descanso na América até que o Negro tenha garantido todos os seus direitos de cidadania. Os turbilhões da revolta continuarão a sacudir as fundações de nossa Nação até que desponte o luminoso dia da justiça.  

Existe algo, porém, que devo dizer ao meu povo que se encontra no caloroso limiar que conduz ao palácio da justiça. No processo de ganharmos nosso lugar de direito não devemos ser culpáveis de atos irregulares. Não busquemos satisfazer a sede pela liberdade tomando da taça da amargura e do ódio. Devemos conduzir sempre nossa luta no plano elevado da dignidade e disciplina. Não devemos deixar que nosso criativo protesto degenere em violência física. Sempre e cada vez mais devemos nos erguer às alturas majestosas de enfrentar a força física com a força da alma. Esta maravilhosamente nova militância que engolfou a comunidade negra não deve nos levar a uma desconfiança de todas as pessoas brancas, pois muitos de nossos irmãos brancos, como evidenciado por sua presença aqui, hoje, estão conscientes de que seus destinos estão ligados ao nosso destino, e que sua liberdade está intrinsecamente unida à nossa liberdade. Não podemos caminhar sozinhos. 

À medida que caminhamos, devemos assumir o compromisso de marcharmos avante. Não podemos retroceder. Existem aqueles que estão perguntando aos devotados aos direitos civis: “Quando vocês ficarão satisfeitos?” Não podemos ficar satisfeitos enquanto o Negro for vítima dos horrores incontáveis da brutalidade policial. Não podemos ficar satisfeitos enquanto nossos corpos, pesados pela fadiga da viagem, não puder encontrar um lugar de descanso nos motéis das estradas e nos hotéis das cidades. Não podemos ficar satisfeitos enquanto a nobreza básica do negro passa de um gueto pequeno para um maior. Não podemos jamais ficar satisfeitos enquanto um Negro no Mississipi não pode votar e um negro em Nova York crê não existir nada pelo qual votar. Não, não, não estamos satisfeitos, e não ficaremos satisfeitos até que a justiça corra como água e a retidão também, como uma poderosa correnteza. 

Não desconheço que alguns de vocês vieram aqui após muitas dificuldades e tribulações. Alguns de vocês recém saíram de diminutas celas de prisão. Alguns de vocês vieram de áreas onde sua busca pela liberdade deixou em vocês marcas das tempestades de perseguição e fê-los tremerem pelos ventos da brutalidade policial. Vocês são veteranos do sofrimento criativo. Continuem a trabalhar com a fé de que um sofrimento imerecido é redentor. 

Voltem ao Mississipi, voltem ao Alabama, voltem à Carolina do Sul, voltem à Geórgia, voltem à Louisiana, voltem às favelas e aos guetos de nossas modernas cidades, sabendo que, de alguma forma, esta situação pode e será alterada. Não vamos nos esconder no vale do desespero. 

Digo-lhes, hoje, meus amigos, que apesar das dificuldades e frustrações do momento, ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano. 

Tenho um sonho que algum dia esta nação levantar-se-á e viverá o verdadeiro significado de sua crença. “Afirmamos que estas verdades são evidentes; todos os homens foram criados iguais”. 

Tenho um sonho que algum dia nas montanhas rubras da Geórgia os filhos de antigos escravos e os filhos de antigos donos de escravos poderão sentar-se à mesa da fraternidade. 

Tenho um sonho que algum dia o estado do Mississipi, um estado deserto sufocado pelo calor da injustiça e opressão, será transformado num oásis de liberdade e justiça. 

Tenho um sonho que meus quatro pequenos filhos viverão um dia em uma nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. 

Tenho um sonho, hoje. 

Tenho um sonho que algum dia o estado de Alabama, cujos lábios do governador atualmente pronunciam palavras de interposição e nulificação, seja transformado para uma condição onde pequenos meninos negros, e meninas negras, possam dar-se as mãos com outros pequenos meninos brancos, e meninas brancas, caminhando juntos, lado a lado, como irmãos e irmãs. 

Tenho um sonho, hoje. 

Tenho um sonho que algum dia todo vale será exaltado, toda montanha e encosta será nivelada, os lugares ásperos tornar-se-ão lisos, e os lugares tortuosos serão direcionados, e a glória do Senhor será revelada, e todos os seres a verão, juntamente. 

Esta é nossa esperança. Esta é a fé com a qual regresso ao sul. Com esta fé seremos capazes de tirar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé poderemos transformar as dissonantes discórdias de nossa nação em uma linda sinfonia harmoniosa de fraternidade. Com esta fé poderemos trabalhar juntos, orar, juntos, lutar juntos, ir à prisão juntos, ficarmos juntos em posição de sentido pela liberdade, sabendo que algum dia seremos livres. 

Esse será o dia quando todos os filhos de Deus poderão cantar com um novo significado: “Meu país é teu, doce terra de liberdade, de ti eu canto. Terra onde morreram meus pais, terra do orgulho dos peregrinos, de cada rincão e montanha que ressoe a liberdade”. 

E se a América for destinada a ser uma grande nação isto deve se tornar realidade. Que a liberdade ressoe destes prodigiosos planaltos de New Hampshire. Que a liberdade ressoe destas poderosas montanhas de New York. Que a liberdade ressoe dos elevados Alleghenies da Pensilvânia! 

Que a liberdade ressoe dos nevados cumes das montanhas Rockies do Colorado!

Que a liberdade ressoe dos picos curvos da Califórnia! 

Não somente isso; que a liberdade ressoe da Montanha de Pedra da Geórgia!  

Que a liberdade ressoe da Montanha Lookout do Tennessee! 

Que a liberdade ressoe de cada Montanha e de cada pequena elevação do Mississipi. 

De cada rincão e montanha, que a liberdade ressoe. 

Quando permitirmos que a liberdade ressoe, quando a deixarmos ressoar de cada vila e cada aldeia, de cada estado e de cada cidade, seremos capazes de apressar o dia quando todos os filhos de Deus, negros e brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, com certeza poderão dar-se as mãos e cantar nas palavras da antiga canção negra: “Liberdade afinal! Liberdade afinal! Louvado seja Deus, todo-misericordioso, estamos livres, finalmente!

Ao optar por não atacar pessoas e sim preceitos e preconceitos segregacionistas e raciais, King mostrou ao mundo que a igualdade era possível, ainda que instigada por ódios incompreensíveis e repugnantes.

Entre todos os prêmios e lauréis que ganhou, o mais importante deles foi o prêmio Nobel da Paz em 1965. Celebrado e respeitado por muitos e odiado por outros – “vergonha para todo o mundo” foi a expressão utilizada por racistas do Sul dos Estados Unidos na ocasião.

Sua cruzada em busca da igualdade foi interrompida em 4 de abril de 1968, com um tiro no rosto dado por um branco na cidade de Memphis no Tennesse. O silêncio da cerimônia fúnebre de King trouxe uma profunda reflexão ao povo americano e impôs ao mundo uma nova ordem na área dos direitos civis. Não se podia matar impunemente – por mais dura que fosse a pena, a morte de King não seria reparada – que buscava direitos iguais para iguais, ainda que diferentes por causa da cor da sua pele, não se podiam transformar um embate num combate.

Não se podia conter ou exterminar uma busca pacífica de igualdade com balas letais, pancadaria e intimidação. Martin Luther King Junior deixou um legado de respeito e de admiração que é seguido por muitos. Na sua sepultura estão gravadas as palavras que ele pronunciou na Marcha Sobre Washington:

             “FREE AT LAST, FREE AT LAST;

               THANK GOD ALMIGHTY

                I’M FREE AT LAST!”

“Enfim livre, enfim livre! Graças a Deus Todo-Poderoso sou finalmente livre!

Copyright©2004 – todos os direitos reservados ao clique aqui – janeiro/2004.

Jehozadak Pereira

Escrevi este artigo há quatro anos. Troque os nomes de John Kerry e George W. Bush pelos de John McCain, Hillary Clinton e Barack Obama que a história se repete.

Dizem que as eleições presidenciais americanas dão sono em monge de pedra. É assim mesmo? Quase assim. A cada quatro anos as cenas das primárias se repetem ao longo do território americano. A partida deste processo eleitoral começa com – os caucus – reuniões dos comitês eleitorais dos partidos, onde são indicados os delegados convencionais que participarão das convenções que escolherão os candidatos a eleição presidencial.

A eleição dá-se por voto indireto num intricado processo de difícil entendimento e nem sempre o mais votado no geral é o presidente eleito, um exemplo disto é George W. Bush, que teve menos votos que Al Gore, mas foi eleito, por causa dos votos da Florida.

As eleições americanas são um show de marketing, propaganda e cada detalhe é pensado e repensado à exaustão. É impensável um candidato – democrata ou republicano – falar algo que não está no script. Cada um deles parece que acabou de sair do banho naquele instante, com seus cabelos, roupas, sapatos e postura impecáveis, e sempre com um sorriso de propaganda de creme dental.

À parte disto, os candidatos têm suas vidas esmiuçadas em todos os aspectos. Descobre-se que foram à guerra, se lutaram, e se foram condecorados.

Busca-se saber quais eram as suas predileções no passado. Um exemplo foi Bill Clinton. Mostraram à exaustão as – muitas – amantes dele; que havia fumado maconha, e por conta disto ele saiu-se com uma justificativa hilária – fumou mas não tragou.

Deslizes de pré ou mesmo de candidatos não são perdoados de modo algum. A lista dos abatidos em disputas pré e eleitorais é enorme. Um dos exemplos notórios é o do senador Ted Kennedy. Em 1969 Ted Kennedy dirigia alcoolizado e caiu da ponte em Chappaquiddick, Martha’s Vineyard, matando Mary Jo Kopechne, tida oficialmente como sua secretária por alguns e amante por outros. A realidade é que o virtual candidato à presidência da república em 1972 acabou com qualquer chance de sê-lo um dia.

Gary Hart, foi outro abatido por causa de uma acusação de adultério em 1984. Mas, saias a parte, acusações ou insinuações são usadas para mostrar o caráter ou a falta dele nos candidatos.

Na década de 70, um dos candidatos era Richard Nixon, e sabedores da sua fama de mentiroso, publicitários evitavam a todo custo chamá-lo como tal. Se fizessem isto grande parte do eleitorado iria sentir compaixão de Nixon, e o objetivo – provar que Nixon era de fato mentiroso – cairia por terra. O que fizeram então? Sob uma foto do ex-presidente eles colocaram a sentença que iria acompanhar Nixon até os derradeiros dias de vida.

O que eles escreveram?

VOCÊ COMPRARIA UM CARRO USADO DESTE HOMEM?

O resultado foi visto tempos depois com Nixon renunciando ao cargo mais cobiçado do planeta – por mentir!

Muitas vezes tais expedientes não dão em nada. Bill Clinton, foi massacrado, sua vida íntima foi exposta antes e durante seus oito anos de governo e nada disto foi suficiente para diminuir a popularidade dele. O fraco de Clinton sempre foi o sexo feminino e ele parecia querer que todo mundo soubesse disto.

Além do caráter, o eleitor exige que os candidatos tenham posições religiosas definidas. Nesta eleição o republicano George W. Bush desfruta de uma clara vantagem junto aos cristãos, vantagem que se acentua com a proximidade da eleição. Os republicanos estão muito a vontade para falarem de valores religiosos, e são céleres em prometer que a fé terá uma forte influência sobre a atuação política de cada um deles, ao contrário dos democratas que quase nunca cumprem suas promessas de campanha.

O certo é que longe de atrair a atenção do mundo para o cargo mais importante, poderoso e cobiçado do planeta, a eleição presidencial é atração e preocupação da população americana, que muitas vezes não comparece para votar – no sistema eleitoral americano o voto não é obrigatório – e depois cobra do seu mandatário maior a sua quota de responsabilidade.

Quem ganhará a eleição presidencial americana? Não se sabe, só quando se apurar a última urna do condado distante; mas desde já se discute se Bush ou Kerry – republicano e democrata, conservador e liberal, ambos milionários são de fato os melhores candidatos.

A vida de Bush foi esmiuçada cinco anos atrás, a vez de Kerry é agora. A imprensa noticia livremente o que é apresentado ou falado, longe da preocupação em esconder este ou aquele deslize de qualquer deles, tornando o processo todo numa eletrizante disputa. As fofocas de alcova são muito mais interessantes do que a disputa propriamente dita.


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