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Jehozadak Pereira

Volta e meia os devotos de Tolkien e dos Senhor dos Anéis resolvem ou me insultar ou então tentar convencer-me que não há misticismo ou esoterismo na obra – no bom sentido é claro – do professor. Este artigo postado abaixo foi escrito em 2001 e me rendeu muito xingamento, ameaças de todos os tipos e milhares de dentes arreganhados dos devotos.

O Senhor dos Anéis

“Se voce for fazer uma critica para ‘O Senhor dos Aneis’ tao ou igual a que fez para ‘Harry Potter’ posso lhe garantir que voce nao viverá mais sossegado na sua ‘doce e bela vida’. Caso voce nao saiba esse ano alem de ter o filme do Harry, terá tambem o filme do ‘Senhor dos Aneis’, nao é bem legal?”

“MAGO CLOW” magoclow@bol.com.br
Thu, 3 May 2001 14:47:46 -0300
Review do “artigo” Harry Potter – o oleiro maldito

O texto acima faz parte de um longo, maçante e importuno e-mail que recebi por conta da série de artigos sobre Harry Potter, que escrevi e que foram publicados neste e em outros espaços. Ri bastante com a pretensão e com o tom desafiador do “Mago Clow”, mas como sou um pouco teimoso e inconformado, já havia decidido escrever sobre J. R. R. Tolkien e O Senhor dos Anéis. Primeiro, meu compromisso é com a Verdade e depois como jornalista, não posso recuar diante da mentira e do engano. Eis aí as minhas razões e o meu artigo.

Quem foi J. R. R. Tolkien? John Ronald Reuel Tolkien, nasceu em 1892 na África do Sul para onde seu pai, cidadão inglês, havia sido transferido a trabalho. Morreu em dois de setembro de 1973 na Inglaterra. Tolkien foi um prolífico e criativo escritor e levou anos para idealizar e produzir sua contribuição literária ao mundo. Mais do que uma trilogia, o épico O Senhor dos Anéis representa a gênese das aventuras de RPG e de praticamente toda a literatura referente a mundos místicos e a seres mágicos.

Uma das criações de Tolkien, O Senhor dos Anéis (best seller desde sua publicação em 54), foi eleito o livro do século por europeus e norte-americanos. O Senhor dos Anéis é o relato de uma aventura maniqueísta entre o bem e o mal. Conta à história de Frodo Bolseiro, que empreende longa jornada pela Terra Média, para salvar um anel ameaçado pelo avanço das forças malignas, que buscam tomá-lo do seu guardião.

“Cuidado com dragões, gnomos e magos; eles estão por toda a parte. Essas criaturas já fazem sucesso há anos, seja no mundo fantástico criado pelo escritor inglês J. R. R. Tolkien, ou na recente série de livros do aprendiz de feiticeiro Harry Potter. Mas agora elas prometem conquistar um reino ainda maior. No Brasil, acaba de ser lançado Harry Potter e o Cálice de Fogo, o quarto volume de uma série escrita pela escocesa J. K. Rowling, que já vendeu cerca de 100 milhões de exemplares no mundo todo. E, no final do ano, deve estrear nos Estados Unidos, além de um filme com o aprendiz de feiticeiro, a primeira parte da trilogia de O Senhor dos Anéis, baseada na série de livros que consagraram Tolkien como o maior escritor de ficção fantástica da atualidade”.
(www.galileu.globo.com – Revista Galileu número 121)

Gnomos, elfos, dragões, misticismo, seres mágicos? Você deve estar se perguntando se tudo isto está na narração de Tolkien? Tudo isto e muito mais. Mas antes de continuarmos com os comprometimentos do Senhor dos Anéis, vamos ao filme. Somente o site http://www.lordoftherings.net, endereço oficial do filme na internet, teve em poucos dias mais de 420 milhões de acessos. As filmagens abrangem a trilogia completa ao custo de U$ 270 milhões, sendo que foram vendidos mais de 50 milhões de exemplares da trilogia no mundo inteiro. O esquema de marketing e publicidade do filme inclui a exibição de um trailer de vinte e seis minutos em seções especiais onde são convidados profissionais de imprensa e formadores de opinião, além de grandes verbas destinadas à divulgação. Especialistas estimam que o filme vai ter o maior faturamento da história do cinema em todos os tempos, o único e grande rival é exatamente Harry Potter – o filme, que deve ser lançado na mesma época. Afirmam ainda que Titanic não será páreo para O Senhor dos Anéis.

Voltemos aos comprometimentos. Embora os aficionados de Tolkien, estrebuchem juntamente com os potterianos há sim comprometimento espiritual nas respectivas narrativas. A reportagem da Revista Veja edição 1671 18 de outubro de 2000 http://www2.uol.com.br/veja/181000/p_158.htm, diz o seguinte:

“É aí que entra o segundo efeito colateral da mania Potter. Uma série de escritores de literatura infanto-juvenil vem pegando carona na vassoura do jovem mago, graças à descoberta dessa nova brincadeira – a leitura. À esperado terceiro volume, que chega em dezembro, as crianças vão às livrarias em busca de obras com temática semelhante. E acabam encontrando escritores fundamentais do gênero, que décadas atrás já haviam criado mundos tão encantados quanto aquele imaginado pela ‘mãe’ de Potter, a escocesa J.K. Rowling. Mestres no assunto, os autores Roald Dahl, C.S. Lewis e J.R.R. Tolkien compõem a linha de frente desse time”.

A temática de Harry Potter é por demais conhecida e dispensa maiores comentários.

Numa famosa entrevista que Tolkien concedeu em 1971 para a rádio BBC de Londres algumas perguntas foram feitas a ele. O entrevistador foi Dennis Gerrolt para o programa Now Read On da BBC rádio 4. Eis algumas delas:

Gerrolt: Frodo aceita o fardo do Anel e ele encarna como grande caráter às virtudes de longo sofrimento e perseverança. Pelas ações dele a pessoa poderia dizer que existe quase um senso budista. Ele se torna quase um Cristo na realidade figurada de O Senhor dos Anéis. Por que você escolheu um Hobbit para este papel?

Tolkien: Eu não escolhi. Eu não fiz muitas escolhas quando escrevi a história… tudo que eu estava fazendo era tentar escrever uma continuação do ponto onde terminou O Hobbit. Eu escolhi porque já estavam em minhas mãos, às vezes acho que foi muito mais uma escolha deles do que minha.

Gerrolt: Realmente, mas não há nada mais particular sobre a figura de Cristo como Bilbo?

Tolkien: Não…

Gerrolt: Mas em face ao perigo mais apavorante ele luta e continua, e vence.

Tolkien: Mas isso me parece suponho, mais como uma alegoria da raça humana. Eu sempre fui impressionado pelo fato de nós estarmos aqui sobrevivendo por causa da coragem indomável de pessoas bastante pequenas contra desertos impossíveis, selvas, vulcões, bestas selvagens… eles lutam, de certo modo quase cegamente.

Gerrolt: Você pretendeu em O Senhor dos Anéis que certas raças deveriam encarnar certos princípios: a sabedoria de Elfos, a habilidade de Anões, a força dos Homens, e assim sucessivamente?

Tolkien: Eu não pretendi isto, mas quando você têm estas pessoas em suas mãos você tem que os fazer diferentes. Bem claro que como sabemos no final das contas todos nós conseguimos que a humanidade desse certo, e é só o barro primordial que nós temos. Nós devemos tudo – ou pelo menos uma parte grande da raça humana – ao trabalho de diferentes pessoas com diferentes habilidades. Eu gostaria de ter uma capacidade mental maior para poder criar arte mais elevada, assim o tempo entre a concepção e a execução seria encurtado… porém nós deveríamos gostar mais de tempos mais longos onde poderíamos criar mais. É por isso que, de certo modo, os Elfos são imortais. Quando eu usei o conceito de imortalidade, eu não quis dizer que eles eram eternamente imortais, somente que eles são “provavelmente imortais” e que sua longevidade tem seu contato direto com a habitabilidade da terra. O Anões é claro são bastante óbvios – você não diria que em muitas formas eles o fazem lembrar dos judeus? As palavras deles são obviamente semíticas, construídas para ser semíticas. Hobbits são pessoas inglesas rústicas feitas pequenas em tamanho porque reflete (em geral) o alcance pequeno da sua imaginação – não o alcance pequeno da coragem ou poder oculto.

Gerrolt: Há uma qualidade outonal ao longo de todo O Senhor dos Anéis em um momento um personagem diz que a história continua, mas eu pareço ter perdido o rumo dos pensamentos neste ponto… porém entendo que tudo esta enfraquecendo e ficando velho, pelo menos para o fim da Terceira Era tudo gira em torno de transformações. Agora isto parece ser um pouco como Tennyson “a velha ordem dá lugar a uma nova, e a vontade de Deus se cumpre em muitas formas”. Onde está Deus em o Senhor dos Anéis?

Tolkien: Ele é mencionado algumas vezes.

Gerrolt: Ele é o Um? (aqui Gerrolt está fazendo referência a Eru Ilúvatar, também conheçido como “O Um”, e não ao Um Anel. Ilúvatar aparece apenas em “O Silmarillion”).

Tolkien: O Um… sim.

Gerrolt: Você e um ateísta?

Tolkien: Oh, eu sou um católico romano. Católico romano devoto.

Vejam as questões: substituição de Jesus Cristo, terceira era, velha ordem, nova ordem, onde está Deus no Senhor dos Anéis? Eru Ilúvatar… respostas muito rápidas, sem convicção, pouco inteligentes para um homem com a capacidade mental e intelectual de Tolkien.

Sei não…

E depois vem dizer que não há a pretensão de se substituir Deus e seu Filho Jesus Cristo…

A íntegra da entrevista de Dennis Gerrolt pode ser lida no www.duvendor.com.br

Jehozadak Pereira

Anos atrás quando escrevia para um jornal em São Paulo, criticava a tudo e a todos. Especialmente políticos e autoridades. Somente uma vez um deles estressou, mandou uma carta para o jornal, ameaçou me processar e recuou. O motivo?

O irmão deste político havia se candidatado ao cargo de vereador, e na sua propaganda enviada por mala direta, ele dizia que aquilo tudo estava sendo pago pelos amigos, correligionários e incentivadores da campanha.

Num dos meus textos eu usei de ironia com aquilo tudo, e disse que se dependesse dos amigos, correligionários e incentivadores da campanha, o nosso bom candidato não teria votos sequer para se eleger juiz de paz.

O parlamentar ficou apoplético, nervoso, irritado, e soube depois que queria me dar uma surra. Abertas às urnas, a minha previsão se concretizou. A votação foi pífia.

Recentemente tenho criticado a devoção que muitos dos nossos irmãos em Cristo tem por J. R. R. Tolkien e sua obra – no bom sentido, claro – pagã, especialmente O Senhor dos Anéis.

Isto tem me trazido alguns dissabores, como ouvir desaforos e xingamentos, além de estar em listas e listas e fóruns de discussão, onde invariavelmente sou destratado a exaustão.

Tempos atrás escrevi o artigo Tolkien e os meninos mimados, onde entre estas coisas repercuti a critica que Fernando Passarelli, crítico de cinema da seção Diversão & Arte do http://www.bibliaworldnet.com.br, fez para o filme As Duas Torres.

Meses depois sou surpreendido por um e-mail do Fernando Passarelli, cujo transcrição está abaixo:

From: “ferpanet” <ferpanet@uol.com.br>

To: “edson” <edson@estudosbiblicos.com>

Sent: Thursday, September 23, 2004 12:18 AM

Subject: [spam] AÇÃO NA JUSTIÇA

Aos cuidados do sr.

Edson Kawano

responsável pelo site www.evangelicos.com

Informo que encontrei no referido site, citações à minha

pessoa, tecidas pelo sr. Jehozadak A Pereira, na URL abaixo :

www.evangelicos.com/artigos/jehozadakap22.shtml

Solicito que essas citações sejam removidas ou estarei

acionando judicialmente o autor do texto, a partir desta

data, e o site como co-autor das ofensas, tendo em vista sua

veiculação. Como bem explica a lei de imprensa, o outro lado

de uma informação deve ser ouvido sempre que citado.

No aguardo de sua manifestação

Fernando Passarelli

Fiquei imaginando em que calo de Passarelli eu pisei, ou se pisei em todos eles de uma vez só. Deixei o Edson Kawano à vontade para retirar do ar o texto, mas resolvi colocá-lo no Destaque aqui.

Muito engraçado este crítico, que não aceita critica. O que fiz foi notar no texto as loas e elogios que Passarelli fez do filme As Duas Torres, talvez ele tenha ficado aborrecido por ter exposto a devoção dele a Tolkien e sua obra – sem nenhum sentido fisiológico – pagã.

Espanto maior ainda é que ele encontra guarida num site sério como o http://www.bibliaworldnet.com.br, fazendo apologia de paganismo e coisas demoníacas. Ser processado por Passarelli, será a prova de a devoção de alguns não tem limites.

Uma pena. Pena mesmo.

O Senhor dos Anéis e as Duas Torres – Os filmes

Postado por Gustavo D. – quinta-feira, 02 de janeiro de 2003 – 08:10 am:

Acho realmente tudo isso ridículo. Não sei se Jehozadak sabe, mas Tolkien era cristão fervoroso, defensor da moral e dos bons costumes. Dizem que não ouvia rádio nem assistia televisão, enfim, um padrão de comportamento. Como uma pessoa com estas credenciais poderia escrever “heresias”? É tudo fantasia, nada disso exerce influências negativas. Talvez apenas aos desequilibrados.

A mensagem acima foi postada no fórum principal do http://www.evangelicos.com, onde estão publicados muitos dos meus textos e onde há espaço aberto para os comentários dos leitores. Logicamente não me irrito ou me aborreço com aqueles que fazem comentários me criticando ou xingando. Mas um outro dia eu recebi um e-mail de um dos muitos devotos de Tolkien, perguntando-me porque eu os irritava tanto com as minhas críticas e “insistência” em mostrar comprometimentos, onde, segundo o bravo devoto não há comprometimentos.

Deixei para lá. Tratar com fanáticos é complicado. Tratar com gente adulta que se parece com meninos mimados é pior ainda. Eles sapateiam, rangem os dentes, mugem a grande, mas não conseguem escapar de uma realidade: em Tolkien, há sim comprometimentos espirituais em larga escala.

Há uma grande desinformação de quem foi Tolkien. Alguns o consideram – como Gustavo D – um cristão. Biblicamente um cristão é todo aquele que está devidamente imbuído dos princípios do genuíno Evangelho de Jesus Cristo. Os princípios são; regeneração – transformação de vida; adoração única e exclusiva ao Senhor e verdadeiro Deus. Regeneração significa mudança de vida associada com santificação. Dizer que um católico devoto – com todos os seus comprometimentos idólatras é um cristão, é no mínimo temerário e denota ignorância das Escrituras.

Deus não comunga com ídolos. Ao contrário, condena a idolatria. Ao que parece Tolkien era um idólatra. Tolkien foi um católico devoto, apaixonado pelo santíssimo sacramento influenciado que foi pela sua mãe – Mabel Tolkien. Tolkien era ligado por gratidão ao padre Francis que o levou a converter-se ao catolicismo, incutindo nele – Tolkien – a necessidade de seguir a devoção de Mabel a Roma e ao papa.

Nada ao longo da vida de Tolkien o fez perder a fé na igreja católica. Edith a mulher de Tolkien não gostava de confissão e não compreendia direito o alívio espiritual que Tolkien e outros católicos devotos diziam sentir.

Mesmo sendo um católico devoto, Tolkien tinha a sua mente voltada para o mundo místico e fantástico. Uma das suas leituras aos sete anos de idade foi Red Fairy Book – Livro vermelho de fadas – e por causa das muitas influências que recebeu ao longo da vida, Tolkien baseado em antigas tradições mitológicas descreve um mundo sem cristandade – o que derruba por terra o argumento de muitos de que há relação entre os demônios de Tolkien e o Evangelho.

A Terra Média, criada por Tolkien é um mundo imerso em magia e inteiramente intocado por qualquer forma de cristianismo. O contraste com o Evangelho, é que enquanto Tolkien fala de uma “terra-média” a Bíblia diz de uma Terra Prometida. Em palestras em Oxford, onde dava aulas sobre Literatura Medieval, alunos consideravam Tolkien “louco varrido”, porque abandonava o tema das suas palestras e se punha a falar de duendes e elfos.

Além de escritor prolífico Tolkien era pintor de aquarelas com figuras de dragões, fortemente influenciado pelo amor infantil que sentia pelo Livro Vermelho de Fadas.

Tolkien renegou ao longo de toda a sua vida qualquer influência oculta ou escamoteada na sua obra. Contudo, seus personagens vivem num mundo onde a magia é real e palpável. W. H. Auden, amigo e patrocinador de Tolkien afirmou que As crenças não declaradas de O Senhor dos Anéis são cristãs. Em meio as milhões de palavras de Tolkien sobre a Terra-Média, não aparece uma única vez sequer a palavra Deus. Tolkien se irritava sobremaneira quando lhe perguntavam se o seu mundo mitológico era alegórico. Resta então saber que tipo de crenças cristãs são estas que estão ao lado e em conluio com elfos, anões duendes, demônios, feiticeiros, magos?

O mundo de Tolkien é um mundo pagão, sem Deus e desprovido de qualquer tipo de luz divina, embora seus devotos afirmem o contrário.

C. S. Lewis um dos melhores amigos de Tolkien – amizade que com o passar dos anos esvaiu-se – era um agnóstico, provocou o desapontamento de Tolkien a quem considerava um devoto cristão – e ainda por cima católico, mais ainda, um quase fundamentalista católico – por aproximar-se do protestantismo e deixar de lado o catolicismo, que Tolkien desprezava. A opção de Lewis pelo protestantismo desapontou profundamente Tolkien.

Nada há contra os católicos, mas as suas práticas estão muito longe das práticas de um cristão verdadeiro – aquele que se parece com Cristo, a palavra de Deus é que julga a todos.

Igualmente nada há contra quem quer ser devoto de Tolkien. Cada um crê no que quer. Mas aqueles que se dizem convertidos e que devotam paixão por Tolkien e seus escritos devem rever a sua fé, ou melhor, a sua convicção pessoal de salvação.

Mesmo no nosso meio há alguns lugares onde a devoção a Tolkien é exacerbada. Um destes lugares é o site http://www.uol.com.br/bibliaworld, primeiro com Marcelo Gióia Oliveira e agora com Fernando Passarelli. Passarelli exacerbou na pajelança que fez do filme As Duas Torres – recentemente lançado – e que é a continuação de O Senhor dos Anéis. Ao babar e derramar-se em elogios e loas ao filme e a obra de Tolkien, Passarelli causa enjôo e deixa perplexo na crítica As duas torres – quem encara o pecado? A peroração do crítico talvez ficasse melhor num site secular, voltado para as coisas mundanas, nunca num site voltado para o público cristão.

Que Passarelli queira ser devoto de Tolkien que o faça com seus próprios argumentos e palavras e não use as Sagradas Escrituras para torcer o seu (mau) gosto pessoal, querendo fazer pensar a qualquer incauto, se é que há incautos – que na obra de Tolkien há qualquer semelhança ou um pequeno vislumbre que seja que se aproxime do Evangelho, e nem que busque distorcer as santas verdades bíblicas com as mazelas malditas de Tolkien.

O mais perto que Tolkien chegou do Evangelho foi a sua devoção ao catolicismo, devoção que carregou até o final da vida. Dizer o contrário é dar pérolas aos porcos. Ou querer enganar-se com argumentos fracos e inconsistentes.

Para os devotos de Tolkien falar contra as obras do professor como era chamado é querer ver o mal em tudo. Nem de ser legalista, xiita, fundamentalista ou o que queiram chamar, pois sou liberal nas minhas preferências, e como disse no início é só ler Tolkien para ver que na sua narrativa não há nada de espiritual, ao contrário é possível encontrar duendes, feiticeiros, magos, elfos, demônios, anões e todo o tipo de lixo espiritual. Como corroborar, ou melhor, como conjugar tudo isto com a Bíblia? Qualquer coisa distante disto é balela, enganação, tapeação, ou como queiram gosto pessoal deturpado, que não fica bem em quem se diz cristão.

Resta saber se estes que se dizem cristãos professam o Cristo vivo, ou se são “cristãos” como Tolkien foi? A mim me parece que eles são mais que meninos mimados a ranger os dentes quando contrariados quando perdem o doce que estão comendo.

De que adianta não assistir televisão ou mesmo defender a moral e os bons costumes e escrever livros repletos de misticismo e ocultismo? Devotos como Gustavo D confundem estes princípios morais inerentes a qualquer cidadão cumpridor dos seus deveres com qualidades de um verdadeiro cristão, que ao que parece não era o caso de Tolkien.

Cada um vê o que quer ver, inclusive cristianismo nas obras de Tolkien.

Copyright©2003 – todos os direitos reservados ao http://www.jehozadakpereira.com – agosto/2003.

Jehozadak Pereira

Kurt Bruner e Jim Ware – os Contorcionistas
João 8.44

Incrível como algumas pessoas tendem a colocar Deus nas suas paixões. Um dos maiores problemas do cristão hoje em dia, é espiritualizar as coisas ou mesmo seus gostos pessoais. Um exemplo disto é o livro Encontrando Deus em o Senhor dos Anéis – Bompastor – 2002 – Vida espiritual/Inspiração.

Este é um daqueles livrinhos irritantes e pretensiosos, cuja única finalidade é dar um lustro espiritual ao gosto deturpado dos seus autores. O livrinho causa asco e é um exercício de contorcionismo explícito, são daqueles arrazoados que buscam atrair outros para as predileções dos escritores. Não creio que um cristão comprometido com o reino de Deus se submeta à fraca argumentação de Bruner e Ware.

Os autores começam discorrendo sobre a fé cristã de Tolkien para justificar o injustificável. Mas que trajetória cristã é esta? Recentemente foi lançada no Brasil Tolkien uma biografia de Michael White, e é lá que vamos ver juntos qual era a fé cristã de Tolkien. “Na velhice, Tolkien afirmou que fora inspirado pelo catolicismo pouco antes da morte da mãe”. “Eu me apaixonei pelo Santíssimo Sacramento desde o início – e pela misericórdia divina jamais tornei a me afastar”. “… dessa época em diante, ele passou a ser um católico devoto,…”. “… mas não perdeu a fé na Igreja Católica…”.

Para quem não entendeu, Tolkien era um católico apostólico romano convicto, convicção que permaneceu até a sua morte, e é chamado de cristão, pelos autores. Ao que eu saiba, cristão é o seguidor de Jesus Cristo. É o que se parece com Cristo, é o que não se curva diante de imagens e nem de ídolos. É isto ou não? Ao que parece o cristianismo de Tolkien era deste último, se é que se pode chamar de cristão quem se curva diante de imagens e ídolos.

Mas, indo ao que realmente interessa, vamos encontrar autores preocupados em buscar na palavra de Deus razões que justifiquem suas predileções pelo mundo místico de J. R. R. Tolkien. Começam agredindo, quando citam que “Na verdade, muitos cristãos irredutíveis em sua linha de pensamento hesitam em aceitar uma obra criativa que inclui figuras míticas, anéis mágicos e temas sobrenaturais. Isto é lamentável porque as verdades transcendentes do Cristianismo fervilham por toda esta história,…”. Posso pensar e não me envergonho disto de que segundo os autores faço parte dos muitos cristãos irredutíveis que não se deixam levar pelos encantos dos anéis malditos e amaldiçoados de Tolkien.

Os autores afirmam que “Os Evangelhos contêm um conto de fadas, ou uma história de uma classe maior que abarca toda a essência dos contos de fada. Contêm muitas maravilhas, principalmente artísticas, belas e comoventes: ‘míticas’ em seu significado perfeito e completo (…). Deus é o Senhor dos anjos, dos homens – e dos elfos”. Quanto a primeira parte, concordamos que Deus é realmente o Senhor, mas de elfos? Fico pensando se estes dois vigaristas da fé leram de fato a Bíblia Sagrada e inerrante?

O que são elfos?
”Divindades aéreas de origem nórdica, amantes de danças noturnas nos prados, e que parecem convidar os humanos para unirem-se a elas, mas que na realidade trazem-lhe a morte. São os espíritos do ar, porém saídos da terra e das águas, deslumbrantes, caprichosos, pequeninos, flutuantes, vaporosos, temíveis. Simbolizam as forças etonianas e noturnas, que provocam pavores mortais, sobretudo nos adolescentes. Pois ao contrário dos adultos, menos perspicazes menos sensíveis ao imaginário, ao imperceptível e que por isso nada percebem, os adolescentes conseguem discernir o elfos na bruma. Estes entes são como as emanações confusas das paixões nascentes e dos primeiros sonhos de amor. Fascinam e enfeitiçam os jovens corações e as imaginações ingênuas. De noite que os elfos saem com suas vestes úmidas na fimbria e sobre os nenúfares arrastam seus pares mortos de fadiga’. A dama branca é a rainha dos elfos. Certos intérpretes consideram as rondas dos elfos como condensados energéticos, que imergem do universo: daí seu poder de fascínio e seu poder de fazer atravessar as portas que separam os três níveis do universo principalmente o mundo dos vivos do mundo dos mortos. Eles agem sobre a imaginação exaltando-a através dos sonhos e aparições, e arrasta em sua dança o ser seduzido por sua beleza. Simbolizam as forças inconscientes do desejo, e metamorfoseada em cativantes imagens, cuja poderosa atração tende inibir o autocontrole e a capacidade de discernimento”.

Na sua ânsia de corroborar os escritos de Tolkien, e buscando dar o viso eles inserem versículos bíblicos fora de contexto. Para tentar alcançar o seu objetivo – de mostrar que Deus se faz presente em O Senhor dos Anéis – os autores contam uma lorota.

No seu anseio de tornar uma história pagã, mundana, mística e esotérica em verdade divina os autores do livrinho se saem com mais esta pérola – “Compare o exemplo de Frodo Bolseiro com o que se tornou o mantra de nossa geração. Desde gurus da Nova Era e psicólogos famosos a músicas que estão na parada de sucessos e filmes que fazem sucesso, as mensagens que recebemos acompanham a mesma melodia básica – dê ouvidos aos seus sentimentos. Olhe para dentro de si para encontrar as respostas. Siga o seu coração. Converse com a sua própria consciência superior”.

Não posso me furtar de perguntar de qual geração os autores estão falando? Qual geração de cristãos verdadeiros que recitam um mantra? Para quem não sabe mantra no tantrismo, é a fórmula encantatória que tem o poder de materializar a divindade invocada.

Você, amigo ministro do Evangelho já recitou o seu “mantra” hoje? Certamente a sua resposta será a mesma minha – arreda satanás com os seus mantras daqui! Na minha Bíblia, eu encontro acerca de uma esperança inaudita – Tito 2.12-14, no livrinho de Bruner e Ware, a esperança é um duende chamado Tom Bombadil – senhor das águas, da floresta e das colinas. E tome versículo em cima. O mesmo Bombadil que demonstra amor e graça em forma de pão, carne, cerveja e camas macias.

Os autores dizem que Pedro era confuso e não sabia o que estava fazendo, que o nosso Pedro “sofria da falta de visão que confunde a glória, o milagre, a alegria, a inspiração, o prazer ou o simples bem-estar de uma parada ao longo do caminho com o fim da jornada”. Talvez se Pedro tivesse na companhia de Frodo Bolseiro e Sam Gamgi, ele não ficasse confuso.

Mas eles conseguem se superar no festival de bobagens que escrevem sobre diversos personagens bíblicos: Que Abraão era um velho nômade sem esperança de ter filhos. Ao afirmar que Abraão era um velho nômade, os autores querem fazer pensar que Abraão era um andarilho errante e sem destino, não é o que nos diz a Bíblia – Gênesis 12.1-2 “Ora, disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que eu te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção!”. Não há nada de nômade em Abrão. Ele estava estabelecido e era um cidadão respeitado no seu lugar. Mas ao sair atendendo uma ordem do Senhor, o fez com a promessa de que seria pai de uma grande nação.

Tem mais. Para Bruner e Ware, José era um menino detestável e mimado. A Bíblia, diz que Jacó amava José e que isto despertou ciúmes e ódio dos seus irmãos – Gênesis 37.4.
Moisés gaguejava quando ficava nervoso. Davi era uma criança, e finalmente eles se superaram ao afirmar que os doze discípulos de Jesus faziam parte da escória da sociedade. Leram direito? Isto mesmo escória da sociedade.

Não é possível aceitar tal afirmação de Bruner e Ware. Basta uma rápida leitura em qualquer dos Evangelhos – Mateus, Marcos, Lucas e João, para ver que os discípulos jamais foram escória. Talvez o parâmetro moral que os autores do livrinho adotem seja o da Terra Média, cuja descrição é feita pelo católico romano Tolkien. Mas os autores do livrinho encerram com chave de ouro as baboseiras sobre alguns personagens bíblicos ao dizer que a trajetória cristã de Paulo foi uma aventura.

Querem mais acintes e baboseiras? Então leiam esta: “Muitos cristãos no início do terceiro milênio se sentem como se tivessem muita coisa em comum com os Elfos no final da Terceira Era da Terra-média. Nosso mundo está mudando para pior. Muitas coisas que são boas estão desaparecendo; na verdade, muitas há muito já se foram. O manto do mal está se espalhando, se erguendo e engolindo tudo. A era pós-cristã chegou e estabeleceu um lugar permanente. Sem dúvida, restam poucos gestos de sanidade e bondade, uma Valfenda aqui, uma Lothlórien ali, mas logo esses também serão banidos”.

Quem são os cristãos a que se referem Bruner e Ware? Será que é gente da laia deles? Ou eles estão medindo todos pelo metro deles? Na sua busca insana de exaltar os demônios criados por Tolkien, Bruner e Ware jogam todos na vala comum da idolatria e do misticismo presente em O Senhor dos Anéis.

Estes dois gigolôs de Tolkien, que tentam convencer a todos que não conhecem o enredo dos livros com sua conversinha fiada, ainda se prestam ao papel de dizerem no final do livro que “Gostaram. Esta tentativa de compilar uma série de ‘reflexões cristãs’ sobre O Senhor dos Anéis, foi para nós, um exercício de pura alegria e enriquecimento espiritual e pessoal”. “Kurt e eu escrevemos este livro de um ponto de vista distintivamente cristão. É possível que os leitores que não gostem desta perspectiva aleguem que simplesmente impusemos nossas próprias tendências e crenças no texto épico de Tolkien. É uma acusação grave que merece uma resposta cuidadosa. Por outro lado, é provável que haja aqueles que compartilhem de nossas convicções cristãs, mas achem impossível concordar que algo puro, santo e de valor espiritual verdadeiro possa ser encontrado em uma história repleta de elfos, anões, gnomos, hobbits, magos, demônios no fogo e todos os tipos de seres estranhos e mágicos. O que dizer a eles?”.

Aí eles dizem que Tolkien já o disse, e disse que este – o mundo da Terra-Média – é o reino da fantasia.

Fico deveras intrigado com pessoas como os autores deste livrinho, que se dizendo cristãos; se prestam a este papel ridículo e intolerante de tentar legitimar uma obra das trevas, repleta de elfos, gnomos e afins, como eles mesmo o dizem, comparando-a com a santa e gloriosa palavra de Deus.

É inconcebível que crentes se curvem diante de todo tipo de personagens das trevas. Mas o que fazer? Só resta orar por eles. Já me acostumei a ser taxado de louco por contestar estas coisas. Mas antes ser louco por Deus do que por Tolkien.

Na Bíblia eu encontro esperança, encontro consolo, encontro repreensão e ao mesmo tempo conforto. Em Tolkien não encontro nada disto, só escuridade e confusão. Que Tolkien foi um literato prolífico, não há dúvida alguma disto, mas querer que isto se pareça e esteja no mesmo patamar que o Evangelho é o fim da picada. Felizmente como os autores do livrinho disseram há quem não concorde com o ponto de vista deles, e certamente somos muitos – uma multidão a não concordar com eles.

É necessário que levantemos nossas vozes a lhes dizer que se sequer existisse a possibilidade de que Deus pudesse ser encontrado em O Senhor dos Anéis, este encontro deixou de ser realizado, apesar do exercício de contorcionismo explícito de Kurt Bruner e Jim Ware.

Este barateamento da graça inaudita que os autores deste livrinho ruim, reles e ordinário fizeram tem de ser repudiado. A maravilhosa graça do Salvador não pode e não deve nunca ser jogada no mesmo chão imundo onde é o lugar dos demônios de O Senhor dos Anéis.

Creio que o tom definitivo desta questão envolvendo as histórias de Tolkien e o cristianismo foi dado por Michael White, autor da biografia já citada acima, que disse o seguinte: “… a Terra-Média é um mundo imerso em magia e inteiramente intocado por qualquer forma de cristianismo”.

Pois é este mundo infestado de magia, de demônios e seres míticos, que alguns querem fazer parecer com o cristianismo.

Aos adeptos de Tolkien, eles precisam se converter ao verdadeiro Senhor da história – Jesus Cristo!

Copyright©2003 – todos os direitos reservados – agosto/2003


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