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Jehozadak Pereira

–       Cala a boca que eu te quebro a cara!

Com o dedo apontado para a cara da mãe, foi que Marcelo, 28 anos, 1,82 metros e físico talhado com muitas horas semanais na academia, gritou com Maria, sua mãe. A reação de Maria, 1,65 metros, 52 anos e físico franzino, foi dar um safanão no dedo de Marcelo, que causou uma grave luxação. A seguir ela deu um soco no olho, outro no nariz e para finalizar deu um chute nas partes genitais de Marcelo. Com a gritaria de Marcelo, Carlos, o irmão mais velho, tirou de cima dele Maria que tinha nas mãos uma cadeira para continuar batendo em Marcelo.

Com o dedo fraturado; o olho inchado e o nariz quebrado; Marcelo jamais poderia esperar uma reação tão violenta e desmedida por parte de Maria, mesmo porque tem o dobro da força física da mulher. Levado ao hospital, o médico perguntou de quantos homens Marcelo havia apanhado. Surpreendeu-se ao saber que havia sido uma mulher franzina que fizera aquele estrago todo na mão e no rosto de Marcelo.

Maria e Marcelo são mãe e filho. A história é real e os nomes foram omitidos para a preservação da privacidade.

Nem sempre é assim, e casos como o de Maria e Marcelo não fazem parte das estatísticas oficiais de violência doméstica, que geralmente tabula e computa agressões e violência entre cônjuges e pais contra filhos. Uma quantidade enorme de pais apanha de seus filhos ao menor pretexto ou motivo.

Com medo de que a violência possa aumentar se os denunciarem, pais se calam e continuam apanhando e sendo agredidos impunemente. Afora a vergonha de ter de admitir para vizinhos, parentes e amigos que são agredidos fisicamente. O que leva um filho a se tornar agressor dos seus pais? Os motivos podem ser fúteis ou banais, e após a primeira vez que baterem, se não forem coibidos, baterão sempre e cada vez mais.

No caso de Marcelo, que sempre teve um relacionamento cordial com sua mãe, foi a recusa dela em pagar-lhe uma nova faculdade. Prodígio com números; Marcelo começou o estudar Matemática, parando no segundo ano, quando iniciou Biologia, que também abandonou no começo do quarto ano. Agora queria iniciar o curso de Economia, e diante da recusa da mãe em financiar-lhe a nova empreitada partiu para cima dela e se deu mal.

Longe de ser relapso ou um mau filho, sempre trabalhou para ajudar a mãe e o irmão, depois que o pai os abandonou atraído pelos encantos de uma mulher quinze anos mais nova que a mãe. Meses antes da discussão, Maria recebera uma grande soma em dinheiro proveniente de uma herança familiar e menos pelo dinheiro e sim pela indecisão de Marcelo, é que se recusava a financiar uma nova aventura escolar do filho.

Depois de muito discutirem e se estressarem mutuamente, Marcelo partiu para a agressão e teve o troco à altura.

Mas nem sempre é assim.

Tempos atrás escrevi o artigo Os caminhos da juventude, onde relato algumas práticas dos nossos jovens. Um dos assuntos abordados foi o RPG. Como sempre, cada vez que contrario alguém, recebi um caminhão de mensagens desaforadas e que revelam bem a quantas andam determinadas vidas. No entanto, um e-mail chamou a minha atenção porque a mãe que me escreveu vive um drama dentro de casa. Com a autorização dela publico o e-mail, sem contudo identificá-la por motivos óbvios.

“From:

Subject: Meu drama

Date: November 10, 2005 8:44:23 PM EST

To: contato@jehozadakpereira.com

Reply-To:

Nome: Antonia B.

E-mail:

Assunto: Desabafo

Telefone:

Mensagem: Jehozadak, meu nome é Antonia e moro numa capital do sul do país, e vivo um drama dentro de casa. Primeiro quero dizer que li sua matéria sobre o rpg, pois o Fabrício, meu filho de 18 anos estava lendo no computador e falava no telefone muito bravo contra voce. Ao ler o seu artigo pude me identificar com uma situação que vivencio dentro da minha casa há pelo menos 5 anos. O Fabrício, começou a jogar rpg aos 13 anos e desde então eu venho perdendo ele a cada dia. Meu marido é diretor de uma multinacional e não nos falta nada, e eu sou professora universitária. Desde que o Fabrício resolveu trocar as companhias do colégio por outras de outra turma ele ficou cada vez mais agressivo e outro dia chegou a me agredir fisicamente, depois de me xingar durante todos estes anos. O pai não pode com ele e também ele agride-o por causa do jogo e por causa de música que ele ouve numa altura incrível.

Desde que ele nos xinga, já estamos acostumados, mas no dia que ele agrediu o pai por causa dos amigos dele que jogam rpg, ele disse pro pai dele que se precisar matar e morrer por este jogo ele mata e morre. Minha cunhada é psicologa, e nos orientou a buscar ajuda de um terapeuta.

Quando falamos que iamos levá-lo numa terapeuta, ele ficou furioso e disse que não estava louco, e me agrediu com um fúria que jamais poderia imaginar. No hospital, eu disse que havia sido assaltada, pois me faltou coragem para dizer que tinha sido o meu próprio filho que tinha me agredido.

Quando meu irmão viu a situação que eu fiquei, reagiu contra ele, e disse que se ele me batesse de novo, ele iria conversar seriamente com o Fabrício. Só que ele reagiu contra o tio e disse que eu estava tentando afastá-lo do rpg, e que ele não iria tolerar isto, pois o jogo é a coisa mais importante da vida dele.

Sabe, Jehozadak, quando eu li sobre aqueles jovens que não tomam banho e tem hábitos pouco higiênicos, eu lembrei do Fabrício e dei risada, pois parece que você está falando do meu filho.

Criamos os nossos filhos com fortes valores morais, e mesmo não tendo religião, buscamos dar a eles noções de que existe algo superior, e que tão logo eles pudessem decidir pelo que quisessem seguir que o fizessem. Nossa filha mais velha se casou com um rabino e mora em Israel, e os outros não se decidiram no que querem crer.

A opção do Fabrício pelo misticismo não nos incomoda, o que incomoda é o modo com que ele nos trata, o seu fanatismo, e o profundo envolvimento dele com este jogo maldito que esta consumindo a vida dele.

Sinto-me profundamente abalada e humilhada por tudo isto que nos cerca, e tenho a certeza de que um dia terei meu filho de volta, pois hoje a cabeça, e vida e os ideiais dele estão totalmente voltados para demônios, violência, bruxos, feiticeitos, mestres, vampiros e sinceramente tenho medo de que um dia receba alguma noticia ruim envolvendo o Fabrício”.

Recebo às dezenas e-mails como o de Antonia B., falando que seus filhos são agressores contumazes, e que não sabem o que fazer. É complicado aconselhar alguns casos, pois sempre há um agravante na história toda que nunca é revelado. Anos atrás conheci uma mãe que apanhava da filha que na época tinha 14 anos. A mulher já havia se acostumado a apanhar e não reclamar, até o dia que apanhou da caçula que tinha 10 anos. Ela era espancada por motivos fúteis e filhas não estavam nem aí para ela. Uma vez ela levou um chute da filha mais velha no rosto que quebrou o seu maxilar. No hospital os médicos queriam saber o que havia acontecido, e ela não pode esconder a verdade.

O caso foi entregue a uma assistente social e as meninas passaram por uma longa terapia, até que se corrigissem definitivamente. Conversando comigo ela dizia que tardiamente havia descoberto os motivos das surras que levava das suas filhas – ela sentia que havia criado as filhas com desdém e pouco se importava com o bem estar delas.

Mas isto não justifica de modo algum as agressões fisícas e emocionais. Fatos como estes eram raros décadas passadas, mas o dito progresso, a frouxidão com que alguns pais criam seus filhos tornam algumas convivências insuportáveis.

Há ainda a negligência com que alguns filhos são criados, ou aqueles que maltrataram seus pais e agora são maltratados pelos seus filhos.

Alguns até com brutalidade chocante. Lembro de uma história que meus filhos contavam de um colega de classe que batia na mãe diariamente sem qualquer motivo, uma vez que a mãe não podia reagir às agressões.

Como agir em caso de agressão? Exponha o agressor diante das suas amizades, pois muitas vezes eles têm um comportamento diferente nos seus locais de convívio. Foi o que eu recomendei para uma mãe que que escreveu anos atrás. O filho batia nela e na irmã por qualquer motivo. Um dia numa festa ela foi agradada por ele diante de todos e algumas pessoas elogiaram o comportamento dele. Quando ela me perguntou o que fazer eu disse que ela deveria na próxima vez expô-lo publicamente. E foi exatamente o que ela fez.

Na festa de noivado dele, novamente ela foi agradada, e não perdeu a oportunidade. Diante de todos expôs o filho agressor, e contou o seu tormento durante os anos todos. Disse para a futura nora que o que a esperava eram agressões e maus tratos. Um choque para todas as pessoas. Não é preciso dizer que não houve noivado algum, e o filho ficou perplexo com a atitude da sua mãe.

Constrangido ele buscou ajuda e jamais tornou a agredir a mãe e a irmã. Três anos depois no dia do seu casamento, ele discursou e emocionou a todos ao dizer que amava ainda mais a sua mãe e que a atitude de coragem dela diante de todos salvara a vida dele, e que nunca mais ele agiria daquele modo insano e inconsequente.

E foi o que eu recomendei a Antonia B. Que ela e o marido reagissem contra o filho. E foi o que eles fizeram. Quando Fabrício começou a xingá-los, eles botaram ele para correr, quando ele partiu para cima deles. Um spray de pimenta e uma máquina de dar choques intimidaram o covarde. Não satisfeitos eles colocaram fogo no computador, nos livros, nos jogos, nas roupas, tênis e sapatos, além de chamar os parentes para denunciar o agressor, e telefonaram para os pais dos amigos do filho. Além de não deixá-lo entrar em casa por uma semana.

Desamparado pelos amigos jogadores de rpg, humilhado diante de todos e sem possibilidade de agir de outro modo, restou ao ex-valentão pedir perdão ao pai e mãe, e se consertar. O e-mail de Antonia B., é daquele para se guardar a vida toda, e Fabrício certamente aprendeu uma lição da qual jamais vai esquecer. Ela diz ainda que falou para o filho que jamais vai apanhar dele novamente, e que se ele ousar fazer isto ela vai jogar água fervendo na cara dele. É sem dúvida um bom modo de convencimento, e que certamente vai tirar qualquer ímpeto de fúria de Fabrício.

Eu não imaginava que ela fosse tão longe.

Copyright©2005 – todos os direitos reservados ao autor  – dezembro/2005

Jehozadak Pereira

Outro dia o meu telefone toca. O número não identificado não me preocupa, pois costumo atender todo mundo que me telefona. Uma voz pausada e tranqüila do outro lado começa a falar coisas pessoais, e diz um nome qualquer. Pergunta se não tenho medo, pois as coisas que escrevo deixam muita gente aborrecida. Digo que não tenho medo não, e que vou continuar escrevendo, gostem ou não.

Pouca gente tem o meu telefone, e fiquei me perguntando quem poderia ter dado o meu número a alguém. Resolvi deixar para lá. Se fiquei assustado? Nem um pouco. Conheço o meu público, e sei que as ameaças veladas do tal telefonema querem me intimidar. Intimidação que ocorre de diversos modos.

Há cerca de uns dois anos recebi uma série de e-mails, de gente criticando o ex-governador Garotinho e seu parceiro Silas Malafaia, um homem de negócios e cabo eleitoral travestido de pastor. Todos eles indistintamente tinham alguma coisa para me falar. Um outro, dizia no e-mail que havia trabalhado com o governador, que tinha informações, e uma série de outras coisas. Resolvi comparar as mensagens e todas elas tinham a mesma origem e fonte, embora com endereços eletrônicos diferentes uns dos outros.

Escrevi o artigo Um presidente evangélico, que teve grande repercussão, sem contar o xingatório, as pressões e as reclamações de gente que se sentiu ofendida com o teor do artigo, que chamava os evangélicos brasileiros a refletir sobre o assunto que você pode. Por causa deste artigo, escrevi O efeito Garotinho, e de novo houve uma gritaria daquelas. Por causa destes e de outros textos, fui ameaçado, e lembrei das palavras que o jornalista, pastor e escritor Paulo Romeiro, da AGIR. Ele me disse certa vez que quem quer criticar tem de estar pronto para ser xingado, mal falado, acusado, maltratado, etc. Outro amigo, disse certa vez que os criticados às vezes iriam apelar para expedientes, digamos, pouco ortodoxos e acusar-me de uma série de coisas. E não é que acusam mesmo?

A igreja brasileira não está acostumada a críticas e muito menos, que estas críticas sejam por escrito, como são as minhas. Uma vez criticados, reagem com virulência e truculência.

Mas, não me preocupo com isto não. Hoje, busco fazer uma seleção das sugestões de pauta que recebo. É tanta coisa, tanta pilantragem, tanta sordidez, que sequer posso pensar em citar qualquer uma delas, mas se eu resolver apontar uma delas sequer, é caos total.

E os satanistas? Por causa de O Senhor dos Anéis, sou xingado até…; tem um satanista do Rio Grande do Sul, cuja especialidade é me perseguir, e chegou a montar um site só para me “detonar”, como ele mesmo diz. Site tão fuleiro e vagabundo que saiu do ar antes de entrar. Não contente, o adepto do diabo, me colocou insistentemente numa lista de discussões, e um dos seus cupinchas criou um fã-clube para mim. Não é muita “honra”? Por causa de O Senhor dos Anéis, fui ameaçado de morte por um grupo de jogadores de RPG. Marcelo Del Debbio, o maior expoente do RPG no Brasil virou meu inimigo pessoal e até criou uma home page atrelada ao seu negócio com o meu nome, tudo no sentido de me constranger e pressionar.

E o mascarado atrás de um pseudônimo, que me acusou de adesismo, pois confundiu profissionalismo com parcialidade. Na minha profissão já fiz tantas coberturas jornalísticas, que perdi a conta. Já fui a duas visitas do presidente Lula aos Estados Unidos, fora outros eventos, e este entendido do assunto, quis me colocar onde não estava; queria forçar uma situação inexistente, tudo com o objetivo de me constranger.

Sem contar as ameaças…

Por enquanto veladas, e tenho a certeza de que as mais recentes foram por causa das minhas críticas a candidaturas de cristãos a cargos eletivos. Reservo-me o direito de continuar com meus artigos, sempre que julgar conveniente – embora seja inconveniente para quem se aproveita da condição de cristão para querer ser eleito – e estes sempre terão minhas críticas.

Medo deles?

Nenhum. Se é uma coisa que não tenho é medo.

De ninguém. Ninguém mesmo…

Copyright©2004 – todos os direitos reservados ao autor – março/2005.

 

Jehozadak Pereira

Volta e meia os devotos de Tolkien e dos Senhor dos Anéis resolvem ou me insultar ou então tentar convencer-me que não há misticismo ou esoterismo na obra – no bom sentido é claro – do professor. Este artigo postado abaixo foi escrito em 2001 e me rendeu muito xingamento, ameaças de todos os tipos e milhares de dentes arreganhados dos devotos.

O Senhor dos Anéis

“Se voce for fazer uma critica para ‘O Senhor dos Aneis’ tao ou igual a que fez para ‘Harry Potter’ posso lhe garantir que voce nao viverá mais sossegado na sua ‘doce e bela vida’. Caso voce nao saiba esse ano alem de ter o filme do Harry, terá tambem o filme do ‘Senhor dos Aneis’, nao é bem legal?”

“MAGO CLOW” magoclow@bol.com.br
Thu, 3 May 2001 14:47:46 -0300
Review do “artigo” Harry Potter – o oleiro maldito

O texto acima faz parte de um longo, maçante e importuno e-mail que recebi por conta da série de artigos sobre Harry Potter, que escrevi e que foram publicados neste e em outros espaços. Ri bastante com a pretensão e com o tom desafiador do “Mago Clow”, mas como sou um pouco teimoso e inconformado, já havia decidido escrever sobre J. R. R. Tolkien e O Senhor dos Anéis. Primeiro, meu compromisso é com a Verdade e depois como jornalista, não posso recuar diante da mentira e do engano. Eis aí as minhas razões e o meu artigo.

Quem foi J. R. R. Tolkien? John Ronald Reuel Tolkien, nasceu em 1892 na África do Sul para onde seu pai, cidadão inglês, havia sido transferido a trabalho. Morreu em dois de setembro de 1973 na Inglaterra. Tolkien foi um prolífico e criativo escritor e levou anos para idealizar e produzir sua contribuição literária ao mundo. Mais do que uma trilogia, o épico O Senhor dos Anéis representa a gênese das aventuras de RPG e de praticamente toda a literatura referente a mundos místicos e a seres mágicos.

Uma das criações de Tolkien, O Senhor dos Anéis (best seller desde sua publicação em 54), foi eleito o livro do século por europeus e norte-americanos. O Senhor dos Anéis é o relato de uma aventura maniqueísta entre o bem e o mal. Conta à história de Frodo Bolseiro, que empreende longa jornada pela Terra Média, para salvar um anel ameaçado pelo avanço das forças malignas, que buscam tomá-lo do seu guardião.

“Cuidado com dragões, gnomos e magos; eles estão por toda a parte. Essas criaturas já fazem sucesso há anos, seja no mundo fantástico criado pelo escritor inglês J. R. R. Tolkien, ou na recente série de livros do aprendiz de feiticeiro Harry Potter. Mas agora elas prometem conquistar um reino ainda maior. No Brasil, acaba de ser lançado Harry Potter e o Cálice de Fogo, o quarto volume de uma série escrita pela escocesa J. K. Rowling, que já vendeu cerca de 100 milhões de exemplares no mundo todo. E, no final do ano, deve estrear nos Estados Unidos, além de um filme com o aprendiz de feiticeiro, a primeira parte da trilogia de O Senhor dos Anéis, baseada na série de livros que consagraram Tolkien como o maior escritor de ficção fantástica da atualidade”.
(www.galileu.globo.com – Revista Galileu número 121)

Gnomos, elfos, dragões, misticismo, seres mágicos? Você deve estar se perguntando se tudo isto está na narração de Tolkien? Tudo isto e muito mais. Mas antes de continuarmos com os comprometimentos do Senhor dos Anéis, vamos ao filme. Somente o site http://www.lordoftherings.net, endereço oficial do filme na internet, teve em poucos dias mais de 420 milhões de acessos. As filmagens abrangem a trilogia completa ao custo de U$ 270 milhões, sendo que foram vendidos mais de 50 milhões de exemplares da trilogia no mundo inteiro. O esquema de marketing e publicidade do filme inclui a exibição de um trailer de vinte e seis minutos em seções especiais onde são convidados profissionais de imprensa e formadores de opinião, além de grandes verbas destinadas à divulgação. Especialistas estimam que o filme vai ter o maior faturamento da história do cinema em todos os tempos, o único e grande rival é exatamente Harry Potter – o filme, que deve ser lançado na mesma época. Afirmam ainda que Titanic não será páreo para O Senhor dos Anéis.

Voltemos aos comprometimentos. Embora os aficionados de Tolkien, estrebuchem juntamente com os potterianos há sim comprometimento espiritual nas respectivas narrativas. A reportagem da Revista Veja edição 1671 18 de outubro de 2000 http://www2.uol.com.br/veja/181000/p_158.htm, diz o seguinte:

“É aí que entra o segundo efeito colateral da mania Potter. Uma série de escritores de literatura infanto-juvenil vem pegando carona na vassoura do jovem mago, graças à descoberta dessa nova brincadeira – a leitura. À esperado terceiro volume, que chega em dezembro, as crianças vão às livrarias em busca de obras com temática semelhante. E acabam encontrando escritores fundamentais do gênero, que décadas atrás já haviam criado mundos tão encantados quanto aquele imaginado pela ‘mãe’ de Potter, a escocesa J.K. Rowling. Mestres no assunto, os autores Roald Dahl, C.S. Lewis e J.R.R. Tolkien compõem a linha de frente desse time”.

A temática de Harry Potter é por demais conhecida e dispensa maiores comentários.

Numa famosa entrevista que Tolkien concedeu em 1971 para a rádio BBC de Londres algumas perguntas foram feitas a ele. O entrevistador foi Dennis Gerrolt para o programa Now Read On da BBC rádio 4. Eis algumas delas:

Gerrolt: Frodo aceita o fardo do Anel e ele encarna como grande caráter às virtudes de longo sofrimento e perseverança. Pelas ações dele a pessoa poderia dizer que existe quase um senso budista. Ele se torna quase um Cristo na realidade figurada de O Senhor dos Anéis. Por que você escolheu um Hobbit para este papel?

Tolkien: Eu não escolhi. Eu não fiz muitas escolhas quando escrevi a história… tudo que eu estava fazendo era tentar escrever uma continuação do ponto onde terminou O Hobbit. Eu escolhi porque já estavam em minhas mãos, às vezes acho que foi muito mais uma escolha deles do que minha.

Gerrolt: Realmente, mas não há nada mais particular sobre a figura de Cristo como Bilbo?

Tolkien: Não…

Gerrolt: Mas em face ao perigo mais apavorante ele luta e continua, e vence.

Tolkien: Mas isso me parece suponho, mais como uma alegoria da raça humana. Eu sempre fui impressionado pelo fato de nós estarmos aqui sobrevivendo por causa da coragem indomável de pessoas bastante pequenas contra desertos impossíveis, selvas, vulcões, bestas selvagens… eles lutam, de certo modo quase cegamente.

Gerrolt: Você pretendeu em O Senhor dos Anéis que certas raças deveriam encarnar certos princípios: a sabedoria de Elfos, a habilidade de Anões, a força dos Homens, e assim sucessivamente?

Tolkien: Eu não pretendi isto, mas quando você têm estas pessoas em suas mãos você tem que os fazer diferentes. Bem claro que como sabemos no final das contas todos nós conseguimos que a humanidade desse certo, e é só o barro primordial que nós temos. Nós devemos tudo – ou pelo menos uma parte grande da raça humana – ao trabalho de diferentes pessoas com diferentes habilidades. Eu gostaria de ter uma capacidade mental maior para poder criar arte mais elevada, assim o tempo entre a concepção e a execução seria encurtado… porém nós deveríamos gostar mais de tempos mais longos onde poderíamos criar mais. É por isso que, de certo modo, os Elfos são imortais. Quando eu usei o conceito de imortalidade, eu não quis dizer que eles eram eternamente imortais, somente que eles são “provavelmente imortais” e que sua longevidade tem seu contato direto com a habitabilidade da terra. O Anões é claro são bastante óbvios – você não diria que em muitas formas eles o fazem lembrar dos judeus? As palavras deles são obviamente semíticas, construídas para ser semíticas. Hobbits são pessoas inglesas rústicas feitas pequenas em tamanho porque reflete (em geral) o alcance pequeno da sua imaginação – não o alcance pequeno da coragem ou poder oculto.

Gerrolt: Há uma qualidade outonal ao longo de todo O Senhor dos Anéis em um momento um personagem diz que a história continua, mas eu pareço ter perdido o rumo dos pensamentos neste ponto… porém entendo que tudo esta enfraquecendo e ficando velho, pelo menos para o fim da Terceira Era tudo gira em torno de transformações. Agora isto parece ser um pouco como Tennyson “a velha ordem dá lugar a uma nova, e a vontade de Deus se cumpre em muitas formas”. Onde está Deus em o Senhor dos Anéis?

Tolkien: Ele é mencionado algumas vezes.

Gerrolt: Ele é o Um? (aqui Gerrolt está fazendo referência a Eru Ilúvatar, também conheçido como “O Um”, e não ao Um Anel. Ilúvatar aparece apenas em “O Silmarillion”).

Tolkien: O Um… sim.

Gerrolt: Você e um ateísta?

Tolkien: Oh, eu sou um católico romano. Católico romano devoto.

Vejam as questões: substituição de Jesus Cristo, terceira era, velha ordem, nova ordem, onde está Deus no Senhor dos Anéis? Eru Ilúvatar… respostas muito rápidas, sem convicção, pouco inteligentes para um homem com a capacidade mental e intelectual de Tolkien.

Sei não…

E depois vem dizer que não há a pretensão de se substituir Deus e seu Filho Jesus Cristo…

A íntegra da entrevista de Dennis Gerrolt pode ser lida no www.duvendor.com.br

Jehozadak Pereira

Uma das maiores tragédias ocorridas nos Estados Unidos foi protagonizada por adeptos de violentos jogos de videogames. No dia 20 de abril de 1999, Eric e Dylan, cometeriam uma das maiores tragédias e seriam os responsáveis pela chacina de escolares. De onde haviam tirado inspiração e motivo para cometerem atrocidades que chocaram a todos? Porque tanto ódio e dureza contra tudo e contra todos?

Semanas antes, na sala cercados por uma dúzia de outros jovens vestidos com folgadas camisetas, ouviu-se um grito: – matei mais um!? Nas mãos, poderosos joysticks eram agitados de um lado para outro em nervosas manobras, disparando tiros, atingindo homens, mulheres, crianças, velhos e negros. Caixas acústicas amplificavam ainda mais o som tornando insuportável o barulho dos efeitos especiais dos jogos, – matei mais um!? E outro e outro. Invariavelmente o placar apontava uma quantidade impensável de cadáveres.

O palco de Eric e Dylan era a tela de um computador e os jogos de videogame tinham nomes estranhos – Mortal Combat, Quake, Carmageddon, Destruição, etc. Além de assassinos e armas poderosas, havia ainda demônios e monstros. Corações eram dilacerados por balas explosivas, cabeças eram cortadas por afiadas lâminas, tudo na tela do computador. Os garotos ali reunidos disputavam entre si, para ver quem seria o recordista de mortes daquele dia.

O jogo acabou! E com ele à volta a realidade – era tudo ficção!

Um deles teve a idéia: – e se matássemos gente de verdade?

Começaria então um outro jogo, este real e terrivelmente letal. O planejamento foi feito detalhe por detalhe, minuciosamente. Nada foi esquecido. A quantidade de armas que os dois portavam daria para matar uma multidão. Como no jogo, o tempo era escasso e quanto mais matassem, mais pontos seriam alcançados. Só que agora não era mais um simples jogo.

Era de verdade! Tal como no jogo eletrônico, Eric e Dylan, foram abatendo impiedosamente, um a um, 12 alunos e um professor, e em meio a balburdia ouvia-se as gargalhadas dos dois. Horripilantes gargalhadas! Vendo que já não era possível matar mais ninguém, e encurralados na biblioteca, Eric e Dylan, voltaram às armas contra suas próprias cabeças e o que se ouviu foram os dois últimos tiros de potentes armas automáticas, pondo fim a um drama que atordoou os Estados Unidos e deixou perplexo o resto do mundo.

Todos buscavam explicações e, sobretudo motivos para a atitude de Eric Harris e Dylan Klebold. De onde haviam tirado inspiração para cometer o mais brutal assassinato coletivo de todos os tempos até então, cometido por jovens?

O videogame foi inventado em 1966, e era destinado a crianças e jovens. Basicamente seus jogos eram destinados para outro contexto, onde não havia a violência exacerbada dos dias de hoje. Em pouco mais de quarenta anos, os jogos de videogame mudaram assustadoramente, tornando a diversão em pavor e invariavelmente horror; uma constatação é evidente – o sobrenatural sempre influenciou os criadores dos videogames. Os temas e personagens dos jogos de videogame continuam assombrando e atraindo, mesmo que superficialmente os mestres do joystick, pelos mais profundos padrões mitológicos.

Muito do sobrenaturalismo dos videogames tem sua origem nos temas de espada e feitiçaria que misturam bruxos, monstros e esgrima, as quais criados por Robert E. Howard nos anos 30. J. R. R. Tolkien refinou o gênero, imputando-lhe uma mitologia pura, e o seu O Senhor dos Anéis talvez tenha sido a principal influência do programador de computadores Don Woods, quando no começo dos anos 70 criou o primeiro videogame de aventura no laboratório de inteligência artificial da Stanford University, na Califórnia.

O jogo era dominado por enigmas e um humor colegial, mas o seu cenário – uma caverna cheia de duendes, dragões e baús com tesouros – estabeleceu definitivamente já na sua criação, o padrão para a miríade de fantasmagorias digitais que viriam a seguir no decorrer dos anos.

Os jogos de estratégias passavam por uma revolução silenciosa. No lugar de movimentar tropas sobre mapas hexagonais, os aficionados tornavam-se personagens do jogo. Jogava-se não só com os dados, mas também com a imaginação, e não foi surpresa nenhuma o ocultismo tornar-se junto com as lutas e os quebra-cabeças, parte essencial e primordial da estrutura dos videogames e RPG ou role-playing games, jogos repletos de conjurações e encantamentos.

Os jogos de videogames hipnotizam crianças e adolescentes, assustam os pais e levam o jogador a pensar que pode dominar o monstro na tela. Ledo engano. Milhões de jogadores obcecados e dominados.

Não há como mensurar o que está por trás dos jogos de videogames. Os resultados são seres humanos com suas mentes profundamente comprometidas pela perversidade maligna.

Anos atrás o Ministério da Justiça brasileiro obrigou que se retirasse do mercado o game Carmageddon, cujo tema consistia em dirigir na contra-mão, destruir veículos e espalhar pedaços dos corpos de pedestres. Devia-se matar crianças, gestantes e idosos, e com isto garantir pontos adicionais e bônus extras. A atitude do governo brasileiro foi o reflexo de protestos de entidades. Procedimento igual foi adotado por outros governos estrangeiros. Há na Internet mais de três mil páginas fazendo referências ao Carmageddon. Jogo diabólico, criado por mente diabólica.

Os jogos de videogames vendem muito, por diversos e variados motivos. Publicidade massificante, violência em excesso, misticismo em larga escala, muita ação e aventura além de investimentos bilionários da indústria no desenvolvimento de novos jogos. Para cada dólar investido, a indústria tem um retorno de milhares de outros dólares. Por isso é que não se pára com o lançamento de novos produtos, as cifras são espantosamente inimagináveis. Nada acontece por acaso, tudo é minuciosamente pensado e planejado com o único objetivo de capturar mentes.

Alie a tudo isto, profissionais que trabalham diuturnamente voltados para elaboração de jogos, cuja temática seja o esoterismo, magos, bruxos, feiticeiros, e demônios. Na maioria das vezes veremos aliados o misticismo e a violência numa simbiose genuinamente maligna, além de enredos e tramas terrivelmente grotescos e estapafúrdios.

A chacina perpetrada por Eric e Dylan fez com que as autoridades americanas refletissem profundamente sobre o conteúdo dos jogos de videogames.

Reagindo ao massacre o senador republicano Bailey Hutchison, denunciou no Congresso americano fabricantes de videogames com a seguinte afirmação – Isto – o videogame – permite que as nossas crianças arranquem corações, estilhassem espinhas, explodam cabeças e agitem os dejetos sangrentos nas nossas caras. Hutchison, tachou ainda de imoral a indústria do entretenimento acusando-as de não fazer nada para evitar que as crianças tenham acesso a produtos cada vez mais violentos. Lembrou ainda que tais produtos são anunciados no canal MTV, e vendidos em lojas de brinquedos, sem qualquer restrição ou advertência do seu conteúdo.

Concluímos que a violência precisa ser debatida e excluída dos jogos de videogames. Mas e o misticismo? Não há qualquer menção à prática. É certo que raramente outros garotos seguirão o exemplo de Eric e Dylan, que com as mentes contaminadas pegaram em armas e trucidaram seus colegas de escola, e depois se mataram, influenciados que foram pelos jogos de videogames.

Dez anos depois do massacre da Columbine School, Eric Jharris e Dylan Klebold são reverenciados como heróis por uma multidão de jovens que os têm como heróis de um tempo nefasto e corrompido. Pior ainda, eles encontraram seguidores que fizeram as mesmas coisas ou pior ainda.

Estudiosos e pesquisadores buscam encontrar as razões de ambos, mas não conseguem encontrar. A realidade é que uma criação frouxa, misticismo, irrealidade virtual, contaminação espiritual, mentes corrompidas e deturpadas, contribuiram para que inocentes perecessem sem razão aparente.

Outros massacres em escolas americanas e em outros lugares no mundo se seguiram, tendo os dois de Columbine como modelos, o que fez com que as autoridades agissem, mas mesmo assim ficou o gosto amargo de quem está sempre um passo atrás destas mentes assassinas e frias. 

Todos os direitos reservados – julho/2003.

Jehozadak Pereira

– Cala a boca que eu te quebro a cara!

Com o dedo apontado para a cara da mãe, foi que Marcelo, 28 anos, 1,82 metros e físico talhado com muitas horas semanais na academia, gritou com Maria, sua mãe.

A reação de Maria, 1,65 metros, 52 anos e físico franzino, foi dar um safanão no dedo de Marcelo, que causou uma grave luxação. A seguir ela deu um soco no olho, outro no nariz e para finalizar deu um chute nas partes genitais de Marcelo. Com a gritaria de Marcelo, Carlos, o irmão mais velho, tirou de cima dele Maria que tinha nas mãos uma cadeira para continuar batendo em Marcelo.

Com o dedo fraturado; o olho inchado e o nariz quebrado; Marcelo jamais poderia esperar uma reação tão violenta e desmedida por parte de Maria, mesmo porque tem o dobro da força física da mulher. Levado ao hospital, o médico perguntou de quantos homens Marcelo havia apanhado. Surpreendeu-se ao saber que havia sido uma mulher franzina que fizera aquele estrago todo na mão e no rosto de Marcelo.

Maria e Marcelo são mãe e filho. A história é real e os nomes foram omitidos para a preservação da privacidade.

Nem sempre é assim, e casos como o de Maria e Marcelo não fazem parte das estatísticas oficiais de violência doméstica, que geralmente tabula e computa agressões e violência entre cônjuges e pais contra filhos. Uma quantidade enorme de pais apanha de seus filhos ao menor pretexto ou motivo.

Com medo de que a violência possa aumentar se os denunciarem, pais se calam e continuam apanhando e sendo agredidos impunemente. Afora a vergonha de ter de admitir para vizinhos, parentes e amigos que são agredidos fisicamente. O que leva um filho a se tornar agressor dos seus pais? Os motivos podem ser fúteis ou banais, e após a primeira vez que baterem, se não forem coibidos, baterão sempre e cada vez mais.

No caso de Marcelo, que sempre teve um relacionamento cordial com sua mãe, foi à recusa dela em pagar-lhe uma nova faculdade. Prodígio com números; Marcelo começou o estudar Matemática, parando no segundo ano, quando iniciou Biologia, que também abandonou no começo do quarto ano. Agora queria iniciar o curso de Economia, e diante da recusa da mãe em financiar-lhe a nova empreitada partiu para cima dela e se deu mal.

Longe de ser relapso ou um mau filho, sempre trabalhou para ajudar a mãe e o irmão, depois que o pai os abandonou atraído pelos encantos de uma mulher quinze anos mais nova que a mãe. Meses antes da discussão, Maria recebera uma grande soma em dinheiro proveniente de uma herança familiar e menos pelo dinheiro e sim pela indecisão de Marcelo, é que se recusava a financiar uma nova aventura escolar do filho.

Depois de muito discutirem e se estressarem mutuamente, Marcelo partiu para a agressão e teve o troco a altura.

Mas nem sempre é assim.

Depois que escrevi o artigo Os Caminhos da Juventude onde relato algumas práticas dos nossos jovens; um dos assuntos abordados foi o RPG. Como sempre, cada vez que contrario alguém, recebi um caminhão de mensagens desaforadas e que revelam bem a quantas andam determinadas vidas. No entanto, um e-mail chamou a minha atenção porque a mãe que me escreveu vive um drama dentro de casa. Com a autorização dela publico o e-mail, sem contudo identificá-la por motivos óbvios.

From:
Subject: Meu drama
Date: November 10, 2005 8:44:23 PM EST
To: contato@jehozadakpereira.com
Reply-To:

Nome: Antonia B.
E-mail:
Assunto: Desabafo
Telefone:
Mensagem: Jehozadak, meu nome é Antonia e moro numa capital do sul do país, e vivo um drama dentro de casa. Primeiro quero dizer que li sua matéria sobre o rpg, pois o Fabrício, meu filho de 18 anos estava lendo no computador e falava no telefone muito bravo contra voce. Ao ler o seu artigo pude me identificar com uma situação que vivencio dentro da minha casa há pelo menos 5 anos. O Fabrício, começou a jogar rpg aos 13 anos e desde então eu venho perdendo ele a cada dia. Meu marido é diretor de uma multinacional e não nos falta nada, e eu sou professora universitária. Desde que o Fabrício resolveu trocar as companhias do colégio por outras de outra turma ele ficou cada vez mais agressivo e outro dia chegou a me agredir fisicamente, depois de me xingar durante todos estes anos. O pai não pode com ele e também ele agride-o por causa do jogo e por causa de música que ele ouve numa altura incrível.

Desde que ele nos xinga, já estamos acostumados, mas no dia que ele agrediu o pai por causa dos amigos dele que são drogados e jogam rpg, ele disse pro pai dele que se precisar matar e morrer por este jogo ele mata e morre. Minha cunhada é psicologa, e nos orientou a buscar ajuda de um terapeuta.

Quando falamos que iamos levá-lo a esta terapeuta, ele ficou furioso e disse que não estava louco, e me agrediu com um fúria que jamais poderia imaginar. No hospital, eu disse que havia sido assaltada, pois me faltou coragem para dizer que tinha sido o meu próprio filho que tinha me agredido.

Quando meu irmão viu a situação que eu fiquei, reagiu contra ele, e disse que se ele me batesse de novo, ele iria conversar seriamente com o Fabrício. Só que ele reagiu contra o tio e disse que eu estava tentando afastá-lo do rpg, e que ele não iria tolerar isto, pois o jogo é a coisa mais importante da vida dele.

Sabe, Jehozadak, quando eu li sobre aqueles jovens que não tomam banho e tem hábitos pouco higiênicos, eu lembrei do Fabrício e dei risada, pois parece que você está falando do meu filho.

Criamos os nossos filhos com fortes valores morais, e mesmo não tendo religião, buscamos dar a eles noções de que existe algo superior, e que tão logo eles pudessem decidir pelo que quisessem seguir que o fizessem. Nossa filha mais velha se casou com um rabino e mora em Israel, e os outros não se decidiram no que querem crer.

A opção do Fabrício pelo misticismo não nos incomoda, o que incomoda é o modo com que ele nos trata, o seu fanatismo, e o profundo envolvimento dele com este jogo maldito que esta consumindo a vida dele.
Sinto-me profundamente abalada e humilhada por tudo isto que nos cerca, e tenho a certeza de que um dia terei meu filho de volta, pois hoje a cabeça, e vida e os ideiais dele estão totalmente voltados para demônios, violência, bruxos, feiticeitos, mestres, vampiros e sinceramente tenho medo de que um dia receba alguma noticia ruim envolvendo o Fabrício.

Jehozadak Pereira

Recebo às dezenas e-mails como o de Antonia B., falando que seus filhos são agressores contumazes, e que não sabem o que fazer. É complicado aconselhar alguns casos, pois sempre há um agravante na história toda que nunca é revelado. Anos atrás conheci uma mãe que apanhava da filha que na época tinha 14 anos. A mulher já havia se acostumado a apanhar e não reclamar, até o dia que apanhou da caçula que tinha 10 anos. Ela era espancada por motivos fúteis e filhas não estavam nem ai para ela. Uma vez ela levou um chute da filha mais velha no rosto que quebrou o seu maxilar. No hospital os médicos queriam saber o que havia acontecido, e ela não pode esconder a verdade.

O caso foi entregue a uma assistente social e as meninas passaram por uma longa terapia, até que se corrigissem definitivamente. Conversando comigo ela dizia que tardiamente havia descoberto os motivos das surras que levava das suas filhas – ela sentia que havia criado as filhas com desdém e pouco se importava com o bem estar delas.

Mas isto não justifica de modo algum as agressões fisícas e emocionais. Fatos como estes eram raros décadas passadas, mas o dito progresso, a frouxidão com que alguns pais criam seus filhos tornam algumas convivências insuportáveis.

Há ainda a negligência com que alguns filhos são criados, ou aqueles que maltrataram seus pais e agora são maltratados pelos seus filhos.

T tem quase setenta anos, e para sua tristeza está muito longe dos seus filhos. Às vezes chora de solidão junto com a sua mulher. Algumas vezes ele foi agredido pelos filhos. Alguns ele não vê a anos, e sequer sabe por onde andam. Na infância deu-lhes tudo o que eles precisavam e sequer pediam. Pensava que os criava com disciplina. Durante a sua vida algumas vezes agrediu seu pai, que bebia e certa vez na sua casa ao receber a visita inesperada dos seus pais, os fez entrar por uma porta lateral e os escondeu dos amigos distintos que o visitava na ocasião. Disse às visitas que eram parentes do interior que haviam chegado. O resultado ele pode colher em Provérbios 30.11. Tempos depois um dos seus filhos o colocou para ser serviçal em sua casa junto com a sua mulher. T esqueceu-se da mais elementar prescrição bíblica que está contida em Deuteronômio 5.16.

T colheu na sua vida a agressão com que agrediu seu pai, e a humilhação com que impôs a sua mãe. A Bíblia não erra. A bênção pela bênção, a maldição pela maldição.
Pais agredidos e mães humilhadas são uma constante em muitos lares.

Infelizmente.

Alguns até com brutalidade chocante. Lembro de uma história que meus filhos contavam de um colega de classe que batia na mãe diariamente sem qualquer motivo, uma vez que a mãe não podia reagir às agressões.

Alguns podem justificar a atitude de T dizendo que ele agiu certo ao agredir seu pai. Errado. Deuteronômio 5.16 diz claramente Honra a teu pai e a tua mãe, como o Senhor teu Deus te ordenou, para que se prolonguem os teus dias, e para que vá bem na terra…, a ordenança é clara honrar pai e mãe. Alguns poderiam me dizer que eu não conheço seu pai ou não sei da atitude da sua mãe. A Bíblia fala que é para honrar independentemente do que eles são.

Como agir em caso de agressão? Exponha o agressor diante das suas amizades, pois muitas vezes eles tem um comportamento diferente nos seus locais de convívio. Foi o que eu recomendei para uma mãe que que escreveu anos atrás. O filho batia nela e na irmã por qualquer motivo. Um dia numa festa ela foi agradada por ele diante de todos e algumas pessoas elogiaram o comportamento dele. Quando ela me perguntou o que fazer eu disse que ela deveria na próxima vez expô-lo publicamente. E foi exatamente o que ela fez.

Na festa de noivado dele, novamente ela foi agradada, e não perdeu a oportunidade. Diante de todos expôs o filho agressor, e contou o seu tormento durante os anos todos. Disse para a futura nora que o que a esperava eram agressões e maus tratos. Um choque para todas as pessoas. Não é preciso dizer que não houve noivado algum, e o filho ficou perplexo com a atitude da sua mãe.

Constrangido ele buscou ajuda e jamais tornou a agredir a mãe e a irmã. Três anos depois no dia do seu casamento, ele discursou e emocionou a todos ao dizer que amava ainda mais a sua mãe e que a atitude de coragem dela diante de todos salvara a vida dele, e que nunca mais ele agiria daquele modo insano e inconseqüente.

E foi o que eu recomendei a Antonia B. Que ela e o marido reagissem contra o filho. E foi o que eles fizeram. Quando Fabrício começou a xingá-los, eles botaram ele para correr, quando ele partiu para cima deles. Um spray de pimenta e uma máquina de dar choques intimidaram o covarde. Não satisfeitos eles colocaram fogo no computador, nos livros, nos jogos, nas roupas, tênis e sapatos, além de chamar os parentes para denunciar o agressor, e telefonaram para os pais dos amigos do filho. Além de não deixá-lo entrar em casa por uma semana.

Desamparado pelos amigos jogadores de rpg, humilhado diante de todos e sem possibilidade de agir de outro modo, restou ao ex-valentão pedir perdão ao pai e mãe, e se consertar. O e-mail de Antonia B., é daqueles para se guardar a vida toda, e Fabrício certamente aprendeu uma lição da qual jamais vai esquecer. Ela diz ainda que falou para o filho que jamais vai apanhar dele novamente, e que se ele ousar fazer isto ela vai jogar água fervendo na cara dele. É sem dúvida um bom modo de convencimento, e que certamente vai tirar qualquer ímpeto de fúria de Fabrício.

Eu não imaginava que ela fosse tão longe.


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